Cálculo do influxo de ultravioleta solar no olho com o uso de óculos de sol

Resumo

A proteção ultravioleta (UV) para óculos de sol é amplamente divulgada nos meios de comunicação e discutida na literatura especializada. Um dos aspectos abordados na literatura diz ser crítico o uso dos óculos solares, sob o argumento de que os mesmos podem causar efeito contrário, caso as lentes não proporcionem proteção UV adequada. Argumenta-se que óculos escuros sem a devida proteção UV deixam de proteger o sistema ocular. O mecanismo principal e natural é que, sem o uso de óculos escuros e sob exposição solar, a pupila do olho se contrai, para diminuir a incidência de radiação e proteger o interior do olho. Os óculos escuros, ao mimetizarem as funções da pupila no controle da luminosidade, inibem suas ações naturais, resultando na diminuição de sua contração. Portanto, se as lentes escuras não possuírem proteção UV adequada, há um aumento da incidência dessa radiação nos meios oculares internos, potencializando os efeitos adversos, afetando de forma mais severa os tecidos oculares, agora desprotegidos pelas pupilas não tão contraídas, do que nos casos em que não se usa nenhum tipo de proteção. No entanto, não há na literatura científica especializada publicações que quantifiquem adequadamente e deem suporte a esse argumento. Esse argumento pode estar levando a um erro por ignorar não só a absorção de UV pelos materiais de que são feitas as lentes dos óculos de sol, mas também por ignorar a absorção das estruturas anteriores do olho, i.e., da córnea e do humor aquoso. Assim, este projeto tem como principal objetivo o cálculo do influxo de UV solar através da pupila do olho humano em duas situações básicas: quando um indivíduo usa óculos escuros e quando não usa. Em ambas as situações, será levada em consideração a dilatação pupilar de modo a determinar a área iluminada pela radiação UV solar. Para isso, iremos primeiramente calcular a luminância (brilho aparente) do céu diurno, por meio de uma modelagem da irradiação solar. Consequentemente, pode-se estimar o diâmetro pupilar, com e sem óculos de sol. Por fim, calcula-se o influxo de radiação UV através da pupila nas duas situações. Dessa forma, pode-se obter uma razão entre os influxos calculados, determinando, portanto, se óculos com lentes de baixa qualidade de fato aumentariam o influxo de UV através da pupila dilatada em comparação à pupila não dilatada. Para maior fidelidade e realismo, serão levadas em consideração as respectivas absorções de UV pelos meios oculares anteriores à pupila, notadamente a córnea e o humor aquoso. Também será considerado o campo de visão em função da luminosidade em ambas as situações (com e sem óculos de sol). (AU)