Diversidade, evolução e conservação dos anuros amazônicos

Resumo

A Amazônia abriga uma enorme diversidade de espécies. No entanto, essa notável diversificação biológica ainda é pouco compreendida, pois carecemos de dados básicos envolvendo o real número espécies que ocorrem em seu vasto território e suas distribuições geográficas. Consequentemente, os estudos sobre a diversificação biológica na Amazônia têm historicamente focado em organismos modelo menos afetados por tais carências de dados. Esse foco taxonômico limitado resultou em extrapolações grosseiras para os organismos menos conhecidos, dificultando uma maior compreensão dos processos atuantes na diversificação deles e seus status de ameaça. Anfíbios anuros são um exemplo de tais organismos menos conhecidos, e não apenas sua diversidade taxonômica é amplamente subestimada na Amazônia, mas também seus níveis de endemismo e relações filogenéticas. Para investigar os processos históricos e macroecológicos responsáveis pela origem e manutenção da diversidade amazônica, é necessário aumentar a resolução dessas dimensões da biodiversidade. Portanto, esta proposta visa caracterizar a diversidade taxonômica e filogenética de anfíbios anuros amazônicos (cerca de 600 espécies nominais) e investigar os fatores subjacentes aos seus padrões espaciais. Esses objetivos serão alcançados através de uma estrutura analítica envolvendo delimitações de espécies baseadas em DNA amparadas por um levantamento molecular sem precedentes, modelagens preditivas de distribuição de espécies, uma reconstrução filogenética temporalmente calibrada para a maioria das espécies, e análises biogeográficas baseadas em modelos. Além disso, sabe-se que os anfíbios anuros são particularmente afetados pela atual crise de biodiversidade, e grandes incertezas permanecem quanto aos seus status de conservação na Amazônia. A resolução inédita na diversidade de anuros amazônicos resultante desta proposta também abrirá uma oportunidade para inferências conservacionistas. Assim, os status atuais de conservação das espécies serão reavaliados, bem como os riscos futuros à estas espécies associados ao uso da terra e às mudanças climáticas. (AU)