Comportamento sedentário e sintomas depressivos: influência dos domínios específicos do comportamento sedentário

Resumo

Sintomas depressivos são comumente observados na população. Indivíduos com sintomas depressivos tem um aumentado risco de mortalidade e isto é atribuído, parcialmente, a doenças cardiovasculares. Além da o tratamento de sintomas depressivos não é consensual. O comportamento sedentário é um preditor independente de doenças cardiometabólicas e transtornos mentais. No entanto, evidências recentes sugerem que nem todos os tipos de comportamento sedentário são prejudiciais. Por exemplo, o comportamento sedentário mentalmente passivo (e.g., assistir TV) parece ser prejudicial para saúde, enquanto o comportamento sedentário mentalmente ativo (e.g., trabalhar em uma mesa de escritório) parece não ser prejudicial. No entanto, estudos são necessários para determinar a magnitude da associação entre diferentes tipos de comportamentos sedentários (e.g., assistir TV, ouvir música, falar enquanto está sentado, sentar e não fazer nada de especial) com sintomas depressivos, bem como ensaios clínicos randomizados investigando potenciais benefícios de intervenções para substituir comportamentos sedentários mentalmente passivos por comportamentos sedentários mentalmente ativos, atividade física leve ou atividade moderada a vigorosa em indivíduos com sintomas depressivos. Portanto, o objetivo deste estudo é investigar a influência do comportamento sedentário mentalmente passivo (e.g., assistir TV, ouvir música, falar sentado, sentar e não fazer nada de especial) nos sintomas depressivos. Para isso, dois estudos serão realizados no qual o objetivo de cada um deles: ESTUDO-1) "Determinar a magnitude da associação entre diferentes comportamentos sedentários e sintomas depressivos"; ESTUDO-2) "Investigar os efeitos de uma intervenção para substituir comportamentos sedentários mentalmente passivos por comportamentos sedentários mentalmente ativos, atividade física leve ou atividade moderada a vigorosa em indivíduos com depressão leve a moderada". O ESTUDO 1 consiste em estudo transversal. Os participantes passarão por uma entrevista semiestruturada para registro das características sociodemográficas (e.g., idade, sexo, estado civil, etnia, renda familiar), comorbidades, parâmetros relacionados ao estilo de vida (e.g., nível de atividade física e comportamento sedentário), uso de tabaco e medicação, sintomas de ansiedade e depressão, qualidade de vida e uma bateria de testes para examinar parâmetros antropométricos (e.g., peso, altura, bioimpedância, circunferências corporais), a função física (e.g., força de preensão manual e funcionalidade), pressão arterial e frequência cardíaca em repouso. Modelos de regressão linear não ajustados e ajustados serão utilizados para verificar a magnitude das associações entre comportamento sedentário e sintomas depressivos. O ESTUDO 2 consiste em um ensaio clínico randomizado. Participantes com sintomas depressivos serão distribuídos aleatoriamente (1:1) para o grupo INTERVENÇÃO ou CONTROLE. Sintomas depressivos, qualidade de vida, nível de atividade física, comportamento sedentário, composição corporal e funcionalidade serão avaliados no início (PRÉ) e 4 (PÓS) meses após o período experimental. O grupo INTERVENÇÃO participará de uma intervenção de definição de metas de 4 meses destinada a substituir comportamentos sedentários mentalmente passivos por comportamentos sedentários mentalmente ativos, atividade física leve ou atividade moderada a vigorosa, enquanto o grupo CONTROLE receberá apenas instruções gerais relacionadas às diretrizes da Organização Mundial de Saúde para atividade física. O conhecimento emergente deste estudo pode ser útil para delinear intervenções para mitigar os fatores de risco para doenças cardiovasculares e agravamento de sinais e sintomas de depressão e, por fim, mitigar a crescente impacto global nos sistemas de saúde causados por transtornos mentais. (AU)