Resumo
No Brasil vivemos um paradoxo. Em torno de 78% das mulheres entre 15 e 49 anos casadas ou unidas alguma vez utilizam métodos contraceptivos modernos. Entretanto, a taxa de gravidez não planejada alcança até 55% de todas as gravidezes. Isto leva a aumento do número de abortos realizados em condições não seguras o que eleva a taxa de morbimortalidade materna. Apesar destes números, a pesquisa em contracepção no Brasil é restrita a poucos grupos de pesquisa já que para os pesquisadores clínicos este não é um tema prioritário. Na UNICAMP, o ambulatório de Planejamento Familiar congrega pesquisadores com sólida experiência em ensino, pesquisa e assistência em Ginecologia e Medicina Reprodutiva no Brasil, os quais tem reconhecimento nacional e internacional e constituem o grupo de pesquisa em contracepção mais sólido do Brasil desde faz já 40 anos. Para aumentar sua capacidade de pesquisa, a Organização Mundial da Saúde tem neste grupo estabelecido um hub para países de América Latina e da África Portuguesa para receber bolsistas de mestrado e doutorado para trabalhar em pesquisas relacionadas com contracepção e saúde sexual e reprodutiva. O grupo da UNICAMP tem capacidade para concretizar uma proposta conjunta de pesquisa e desenvolvimento, que se traduza em reais benefícios para a ciência, para o País e para a Sociedade. Este grupo de estudos tem vasta experiência em pesquisa sobre anticoncepção especialmente com uma linha de pesquisa principal sobre contraceptivos reversíveis de longa duração (Long-acting reversible contraceptives [LARCs]), os que além da contracepção tem também benefícios no tratamento de doenças como sangramento uterino aumentado, endometrioses e adenomiose. Por isso, nossa linha de pesquisa abrange diferentes etapas do ciclo de vida reprodutivo feminino e condições clínicas prevalentes e têm em comum a influência destes diferentes contraceptivos a nível metabólico, em distúrbios de sangramento, estilo de vida e satisfação. Esta linha de pesquisa e projetos associados reflete uma intensa e frutífera atividade no que se refere ao potencial de incorporação de avanços substanciais na ciência da saúde e no conhecimento em medicina reprodutiva, mas também na tradução futura dos resultados aqui obtidos em políticas regionais de promoção à saúde da mulher. Neste sentido, é importante salientar que além da pesquisa cientifica stricto sensu, estudos de base populacional, projetos diretamente vinculados a órgãos públicos de Saúde, pesquisas com populações suscetíveis como mulheres com sangramento anormal, entre outras, permitirá maior interlocução com o Setor Público e sociedade. (AU)
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