Resumo
A sepse é uma doença complexa decorrente da resposta multifacetada do hospedeiro a um patógeno, causando disfunção de múltiplos órgãos. Sua incidência é crescente, sendo hoje responsável por 25% das ocupações de leitos no Brasil em UTIs. A sepse é a principal causa de mortalidade na UTI, chegando a uma taxa de 55,7% no Brasil e de 30-40% no mundo, superando as mortes por infarto do miocárdio e câncer. A magnitude do problema evidencia a necessidade de melhorias na terapêutica, que, no entanto, não tem obtido grandes progressos há décadas, denotando assim a necessidade de maiores estudos acerca de sua fisiopatologia. Apesar de evidências atuais mostrarem que a disfunção microcirculatória antecede as alterações macrohemodinâmicas, a terapia atual está baseada na dinâmica macrocirculatória devido a falta de instrumentação para monitoramento da microhemodinâmica na clínica. Nesse contexto, pouco se sabe sobre alterações da circulação localizadas entre a macro e a micro na sepse, denominadas de circulação regional, cuja disfunção pode anteceder os eventos da macrocirculação e prover a antecipação de momento terapeutico, minimizando a evolução para a disfunção de órgãos. Objetivo: Estudar a hemodinâmica da circulação regional arterial na sepse e correlacionar com a macro e microcirculação. Métodos: Serão usadas 20 ratas wistar fêmeas (n=20), entre 3 e 4 meses de idade, de 200g a 300g de peso, sob anestesia geral com isoflurano durante todos os procedimentos, distribuídas em 3 grupos: Grupo Naive (n=4), com o intuito de obter dados basais do animal (T=0h); Grupo Controle (n=8), submetido à infusão endovenosa de soro fisiológico e Grupo Sepse (n=8), submetido à sepse endovenosa de 10 elevado a 8 CFU/ml. Os grupos Controle e Sepse serão distribuídos em 2 subgrupos (n=4/subgrupo): monitoramentos T=3h e T=6h (horários em função da infusão da bactéria ou do veículo). O fluxo da circulação regional arterial (artérias renal e mesentérica superior e tronco celíaco) será avaliado pelo Transonic System Inc. TS420 transit-time perivascular flowmeter e comparado com parâmetros macrohemodinâmicos (fluxo da aorta abdominal, frequência cardíaca e pressão arterial média), além disso, haverá a correlação com parâmetros microhemodinâmicos pelo BLF 21 laser doppler flow meter (unidade de perfusão tecidual do rim, fígado e íleo terminal) e avaliação microcirculatória dos mesmos órgãos pelo Sidestream Dark Field Imaging nos períodos determinados, cujas imagens serão processadas pelo programa AVA 3.0. Ao final dos monitoramentos, os animais serão sacrificados sob anestesia geral. (AU)
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