Ernesto de Martino e o ritual: perspectivas analíticas

• Processo: 23/07960-1
• Modalidade de apoio: Bolsas no Exterior - Pesquisa
• Data de Início da vigência: 01 de janeiro de 2024
• Data de Término da vigência: 30 de junho de 2024
• Área de conhecimento: Ciências Humanas - Antropologia - Teoria Antropológica
• Pesquisador responsável: Maria Cristina Pompa
• Beneficiário: Maria Cristina Pompa
• Pesquisador Anfitrião: Sergio Botta
• Instituição Sede: Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH). Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Campus Guarulhos. Guarulhos , SP, Brasil
• Instituição Anfitriã: Università degli Studi di Roma La Sapienza, Itália
• Assunto(s): Antropologia da religião Comportamento ritualístico Rituais religiosos
• Palavra(s)-Chave do Pesquisador: antropologia das religiões | Ernesto de Martino | ritual | Antropologia das Religiões

Resumo

O projeto visa trazer para o debate brasileiro a obra do antropólogo e historiador das religiões italiano Ernesto de Martino, amplamente conhecida no mundo anglófono, francófono e latino, mas quase desconhecida no Brasil. Desenvolvida há mais de cinquenta anos, a teoria demartiniana é extremamente fértil e antecipadora das teses contemporâneas sobre a performance ritual, a corporalidade e a relação entre religião e cura; não por acaso, este autor está sendo redescoberto no campo antropológico internacional. A proposta do estudioso italiano é de grande relevância para o estudo dos rituais religiosos que implicam estados alterados de consciência, ou transe, que estão na base de muitas religiões no Brasil, que conhecem uma extraordinária adesão na contemporaneidade. Tais religiões são estudadas em geral a partir de recortes que privilegiam a crença, a espiritualidade, as relações entre agentes ou, mais recentemente, entre religião e esfera pública, mas deixam em segundo plano a prática ritual. De Martino, ao contrário, privilegiou a análise dessas práticas, trazendo uma perspectiva inédita, baseada no entrecruzamento entre a história das religiões, a antropologia, a fenomenologia existencialista e a psicanálise, afirmando que a o complexo mítico-ritual é uma técnica protetora contra o risco de não-ser-no-mundo, ou seja, contra os riscos de crise psicopatológica. A abordagem rigorosamente histórica do autor contribui de maneira decisiva para uma reflexão crítica sobre o percurso histórico tanto dos fenômenos que definimos "religiosos", quanto (e sobretudo) sobre os conceitos que utilizamos para o estudo desses fenômenos. Um aprofundamento da teoria e metodologia demartiniana, a partir de um período de pesquisa na Itália, sob a supervisão do prof. Sergio Botta, junto à La Sapienza Università di Roma, que guarda o arquivo de Ernesto de Martino, em boa parte ainda não pesquisado, poderá trazer nova luz para a abordagem às práticas religiosas no Brasil contemporâneo. (AU)