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Quando a história também é futuro: as concepções de tempo passado, de futuro e do Brasil em Herman Kahn e no Hudson Institute (1947-1979)

Texto completo
Autor(es):
Fabio Sapragonas Andrioni
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Fredric Michael Litto; Sara Albieri; Estevão Chaves de Rezende Martins; Francisco Assis de Queiroz; Francisco Carlos Teixeira da Silva
Orientador: Fredric Michael Litto
Resumo

O objeto desta dissertação é uma ideia de futuro, ou seja, como o futuro foi compreendido dentro de um dado momento histórico e de acordo com certas condições. A ideia de futuro aqui analisada centra-se em torno de Herman Kahn, físico, estrategista militar e futurista. A constituição dessa ideia de futuro, contudo, não ocorreu afastada de uma compreensão de história. Para entendermos como ocorreu esse diálogo entre passado, presente e futuro, baseamo-nos nos conceitos propostos por Koselleck de espaço de experiência e horizonte de expectativa, assim como em alguns pontos do que o autor propõe como história dos conceitos. O início da formulação da ideia de futuro aqui analisada se deu no famoso think tank estadunidense que prestava consultoria à Força Aérea dos EUA, a RAND Corporation. Nesse período, o futuro é interpretado no curto prazo e pensado, no máximo, quinze anos à frente, e a história usada é recente, remetendo às I e II Guerras. Portanto, são questões restritas à segurança nacional e à defesa dos EUA e às relações com a Ásia e a Europa. Porém, ao lançar o seu primeiro e polêmico livro, On thermonuclear war, em 1960, no qual analisava, com detalhes, as possibilidades de uma guerra nuclear e como o país poderia se reerguer após ela, Kahn saiu da RAND e fundou seu próprio think tank, o Hudson Institute, em 1961. Acompanhando uma mudança de orientação de governo dos EUA e passando por dificuldades financeiras ao longo da década de 60 e 70, o Hudson Institute e Herman Kahn ampliaram, pouco a pouco, o tempo futuro analisado, chegando, em 1976, no livro The next 200 years, a prever duzentos anos à frente. Correspondendo a isso, havia também um recuo para o passado, alcançando o ano de 8000 a.C. Nesse momento, o Hudson Institute não mais trabalhava somente com as questões estadunidenses, mas também tinha uma atuação em âmbito mundial, visando influenciar empresas multinacionais e governos de outros países. Entre os governos pretendidos, estava o brasileiro. Porém, com projetos polêmicos e dados incertos e cambiantes, Kahn e o HI sofreram uma crítica impiedosa, sarcástica e agressiva no Brasil, o que nos permite verificar as falhas do método futurológico de Kahn e a política do governo brasileiro por trás das críticas. Por fim, toda essa exposição dos estudos futuros elaborados por Kahn desde 1947 até 1979 também nos permite refletir sobre a história e suas relações com o presente e o futuro e propor que para uma formulação sobre o futuro ou sobre o passado há, embutida, outra formulação sobre o tempo oposto. (AU)

Processo FAPESP: 11/10952-3 - Do giro da roleta à arquitetura do futuro: a ciência do futuro e a história na obra de Herman Kahn (1947-1984)
Beneficiário:Fabio Sapragonas Andrioni
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado