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Exposição à violência comunitária dos agentes da Estratégia Saúde da Família e repercussões sobre suas práticas de trabalho: um estudo qualitativo

Texto completo
Autor(es):
Juliana Feliciano de Almeida
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Medicina (FM/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Maria Fernanda Tourinho Peres; Camila Caldeira Nunes Dias; Marcia Thereza Couto Falcão
Orientador: Maria Fernanda Tourinho Peres
Resumo

No Brasil, os reflexos da violência comunitária na conformação e no desenvolvimento das ações dos serviços de saúde, na atenção primária, apresentam-se como uma realidade a ser melhor estudada, assim como merece também mais atenção às repercussões sofridas pelas equipes de saúde. O objetivo do presente estudo consistiu em explorar qualitativamente as representações dos agentes comunitários de saúde (ACS) e da gestora de uma unidade de saúde da Estratégia Saúde da Família (ESF) acerca da violência comunitária no território onde atuam, verificando a possibilidade de interferência desse fenômeno em relação ao trabalho que realizam. Pretendeu-se, ainda, investigar essa interferência na construção dos vínculos entre os ACS e a população atendida por eles. O percurso metodológico adotado foi o da pesquisa qualitativa, por meio de análise das representações sociais, tendo sido realizadas 12 entrevistas abertas com os ACS e uma com a gestora da unidade de saúde em questão, utilizando-se um roteiro previamente elaborado com perguntas flexíveis, valorizando a singularidade das respostas dos entrevistados. Destaca-se como resultado da pesquisa a confirmação da hipótese de que a violência comunitária prejudica a integralidade do cuidado, isto é, a elaboração de determinadas estratégias de promoção, prevenção e recuperação, principalmente com relação à abordagem do tema consumo de drogas. Evidenciou-se que a regulação das ações no campo da saúde é condicionada pelas restrições abertas ou implicitamente colocadas pelas dinâmicas sociais presentes no território. Ademais, a conformação desse fenômeno ajuda a explicar uma parte dos episódios que envolvem a violência ocupacional, expressa em ameaças, medo e receio dos ACS. A violência comunitária e as representações sociais interferem ainda na produção dos vínculos estabelecidos com os usuários - construídos com maior ou menor aproximação - a depender do usuário e das estratégias mobilizadas por cada trabalhador. Contudo, além de interferir, a violência e as representações são categorias coprodutoras de vínculos, no sentido mais amplo, na medida em que aproxima/vincula os trabalhadores a determinadas experiências que podem influenciá-los nas suas decisões e nas ações que são tomadas, de modo consciente ou não. Do ponto de vista das ciências sociais, foi destacada a centralidade que adquire o trabalhador na lógica de mediação nas fronteiras porosas, mas bem demarcadas, do legal, do formal, do informal e do \"mundo do crime\". A presença da violência comunitária na atenção primária apresenta-se como uma realidade com a qual os trabalhadores já convivem há muitos anos. Essa questão vem sendo discutida no campo da saúde coletiva, e necessita ser reconhecida e abordada nas esferas federal, estadual e municipal, visando a construção de políticas e estratégias que auxiliem a atuação desses trabalhadores que estão \"na ponta\" dos serviços comunitários (AU)

Processo FAPESP: 13/09486-3 - Exposição à violência comunitária dos agentes da Estrategia Saúde da Família e repercussões sobre suas práticas de trabalho: um estudo qualitativo
Beneficiário:Juliana Feliciano de Almeida
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado