Busca avançada
Ano de início
Entree


A crítica da religião como ponto de inflexão: Freud na proximidade da escola de Schopenhauer

Texto completo
Autor(es):
Guilherme Marconi Germer
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Oswaldo Giacoia Junior; Maria Lucia Mello e Oliveira Cacciola; Angelo Marinucci; Ana Archangelo; Eli Vagner Francisco Rodrigues
Orientador: Luiz Roberto Monzani; Oswaldo Giacoia Junior
Resumo

Arthur Schopenhauer (1788-1860) é definido frequentemente pelos manuais de filosofia como um autor misantropo, sem voz e seguidores. Contudo, um trabalho recente da autoria de D. Fazio, M. Kossler e L. Lütkehaus desmentiu esse preconceito, ao demonstrar que o pensador construiu uma escola filosófica em sentido estrito e lato. Na primeira conotação se incluem doze intelectuais menos conhecidos que apreciaram Schopenhauer em vida e foram designados pelo mestre como os seus "apóstolos". No segundo significado se destacam os "metafísicos" E. von Hartmann, P. Mainländer e J. Bahnsen, os "hereges" F. Nietzsche, P. Rée, G. Simmel e M. Horkheimer, e os "pais da igreja" P. Deussen, H. Zint, A. Hübscher e R. Malter, que embora não tenham conhecido o filósofo em vida, ampliaram o seu pensamento para múltiplas direções. Diante dessa historiografia, questionamos se Sigmund Freud (1856 ¿ 1939) não merece compor a "escola schopenhaueriana em sentido lato", em virtude de suas diversas referências a e concordâncias com o filósofo, nos temas do inconsciente, sexualidade, repressão, morte e etc.. Em busca de uma resposta a essa questão, investigamos os pensamentos de Schopenhauer e de Freud sobre um tema pouco estudado: a religião. Entre as semelhanças encontradas em suas concepções desse objeto, se incluem o fato de ambos serem ateus e explanarem a religião como uma criação destinada a consolar o homem da morte, da culpa e do sofrimento. Além disso, os autores acedem em que os mitos possam expressar a verdade indiretamente, denunciam que a interpretação literal dos dogmas conduz a ilusões e encorajam a eutanásia da religião. Entre as diferenças, se destacam o fato de Schopenhauer abordar essa instituição pelo viés filosófico e metafísico e ser mais crente do que Freud quanto à cognição humana da coisa em si; enquanto Freud a interpela a partir da ciência psicanalítica e é mais otimista do que Schopenhauer na capacidade racional e popular humana de autossuperação da religião. Com base nesse confronto, concluímos que, a despeito da originalidade e autonomia científica da psicanálise, Freud é um autor próximo da fortuna schopenhaueriana, de modo que propomos que a "escola de Schopenhauer" reconheça em sua proximidade duas classes complementares: a dos cientistas, encabeçada por Freud, e a dos artistas, que abrange outros nomes. Além de uma tese historiográfica, esse reconhecimento também é fundamental para que o schopenhauerianismo e o freudismo não se confundam com duas religiões estatuárias, pois ambos foram acusados de conservarem resquícios de religiosidade, de modo que nada é mais justo para eles do que a evidência de suas buscas da complementação entre a filosofia e as ciências, em nome de uma "universitas literarum" (literatura universal), multidisciplinar e coesa (AU)

Processo FAPESP: 11/16710-1 - Freud e a "Escola de Schopenhauer"
Beneficiário:Guilherme Marconi Germer
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado