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Distribuição e dinâmica populacional de juvenis dos camarões-rosa Farfantepenaeus brasiliensis (Latreille, 1817) e F. paulensis (Pérez-Farfante, 1967) na região de Cananeia, extremo Sul do Estado de São Paulo

Texto completo
Autor(es):
Dalilla da Silva Salvati
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Botucatu. 2017-03-20.
Instituição: Universidade Estadual Paulista (Unesp). Instituto de Biociências. Botucatu
Data de defesa:
Orientador: Rogério Caetano da Costa; Sabrina Morilhas Simões
Resumo

O presente estudo teve como objetivo analisar a abundância, a distribuição espaço-temporal, a relação da abundância com os fatores abióticos, a estrutura populacional, o período de recrutamento juvenil, a razão sexual, o crescimento, a longevidade e o tempo de duração da fase juvenil dos juvenis dos camarões-rosa Farfantepenaeus brasiliensis e F. paulensis ao longo do Complexo-estuarino-Lagunar de Cananeia-Iguape, extremo sul do Estado de São Paulo. As coletas foram realizadas, mensalmente, entre julho de 2012 a junho de 2014, na região de Cananeia. Os indivíduos foram capturados em 7 estações de coleta estabelecidas, sendo E1 a E4 na Área Costeira Marinha (AC) e E5 a E7 na região do Mar Pequeno (MP). Os fatores abióticos foram registrados em cada estação de coleta, a temperatura e a salinidade da água de fundo mensalmente e o tipo de sedimento e teor de matéria orgânica por estação do ano. Os camarões foram identificados quanto à espécie, sexo, mensurados quanto ao comprimento de carapaça (CC mm) e quantificados em cada mês e estação de coleta. O recrutamento juvenil foi caracterizado pela entrada de menores indivíduos na população. As curvas de crescimento foram estimadas através do modelo de crescimento de von Bertalanffy e a longevidade e o tempo da fase juvenil foram obtidos através da equação inversa de von Bertalanffy. A média geral da temperatura da água de fundo foi de 25,1 ± 3,1°C. As regiões apresentaram médias semelhantes, na Área Costeira o valor foi de 22,7 ± 3,1°C e no Mar Pequeno 23,7 ± 3,1°C. A salinidade da água de fundo apresentou uma média geral de 31,3 ± 5,0. As maiores médias foram registradas na Área Costeira (34,1 ± 5,0) em relação ao Mar Pequeno (27,7 ± 5,0). O tipo de sedimento não foi diferente entre o Mar Pequeno e a Área Costeira, sendo que, de modo geral, foi composto principalmente por areia muito fina. Já o teor de matéria orgânica variou em ambas as regiões, oscilando de 0,6 - 12,0% no Mar Pequeno e 0,8 - 16,6% na Área Costeira. A estação de coleta que apresentou a maior média do teor de matéria orgânica foi E4 (6,1 ± 3,2%). Foram capturados 613 indivíduos de F. brasiliensis, 407 no Mar Pequeno e 206 na Área Costeira. Já F. paulensis foi capturado 947 indivíduos, 748 no Mar Pequeno e 199 na Área Costeira. As maiores abundâncias de ambas as espécies ocorreram na primavera, no verão e na estação E5. Apenas a temperatura foi correlacionada positivamente com a abundância de ambas as espécies (RDA, p < 0,05). Apesar de não haver relação significativa, foi nítida a preferência de F. brasiliensis por sedimentos com alta porcentagem de silte+argila e, no caso de F. paulensis, por areia muito fina. O tamanho médio (CC mm) de F. brasiliensis e F. paulensis foram respectivamente, no MP 18,8 ± 3,5 e 19,0 ± 3,7 e na AC 19,2 ± 3,6 e 18,9 ± 3,7. O recrutamento juvenil foi sazonal com o principal pico de ambas as espécies em janeiro de 2014. A razão sexual foi a favor das fêmeas para ambas as espécies. Os parâmetros de crescimento e longevidade (tmáx) estimados foram: CC∞= 45,5, k= 1,8 ano-1, t0= -0,27 e tmáx= 2,52 anos para os machos e CC∞= 55,2, k= 1,6 ano-1, t0= -0,85 e tmáx= 2,88 anos para as fêmeas de F. brasiliensis. Para F. paulensis os valores obtidos foram CC∞= 40,7, k= 2,3 ano-1, t0= -0,37 e tmáx= 2,04 anos para os machos e CC∞= 56,5, k= 1,9 ano-1, t0= -0,083 e tmáx= 2,37 anos para as fêmeas. Houve diferença significativa na curva de crescimento entre machos e fêmeas, sendo que os machos apresentaram maiores valores de k e as fêmeas maiores tamanhos e longevidade para ambas as espécies. O tempo de duração da fase juvenil calculado foi de ≈ 7 meses para F. brasiliensis e ≈ 5 meses para F. paulensis. Pôde-se concluir que Cananeia é um berçário de extrema importância para o estabelecimento e crescimento dos juvenis de F. brasiliensis e F. paulensis. A temperatura e o sedimento mostraram-se fatores bastante relevantes na distribuição das espécies. O pico de recrutamento juvenil das espécies não está sincronizado com o fechamento da pesca, assim o período de defeso deve ser revisto podendo ser mais efetivo e resultar em uma exploração sustentável. Todos os parâmetros de crescimento estimados para o Complexo-estuarino-Lagunar de Cananeia-Iguape foram coerentes com o ciclo de vida das espécies e semelhantes aos estudos presentes na literatura. Os juvenis podem permanecer no Mar Pequeno e Área Costeira de Cananeia até seus 5 a 7 meses de vida, antes de migrarem a região oceânica, onde completarão o ciclo de vida. Esse tempo foi similar a maioria das espécies do gênero Farfantepenaeus já estudadas. (AU)

Processo FAPESP: 15/15210-6 - Distribuição e dinâmica populacional de juvenis dos camarões-rosa Farfantepenaeus brasiliensis (Latreille, 1817) e F. paulensis (Pérez-Farfante, 1967) na região de Cananéia, extremo Sul do estado de São Paulo
Beneficiário:Dalilla da Silva Salvati
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado