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Inspirações sobre o fazer(-se) polític@ entre os Guarani-Mbya

Texto completo
Autor(es):
Aline de Oliveira Aranha
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Renato Sztutman; Dominique Tilkin Gallois; Maria Inês Martins Ladeira; Valéria Mendonça de Macedo
Orientador: Renato Sztutman
Resumo

A intenção aqui é pensar como as transformações nas formas e estratégias mbya de liderança e ação cosmopolítica são mobilizados e produzidos, criativamente, no confronto cada vez mais intenso com a política e modo de ser, pensar e de se comportar jurua (não-indígena), elucidando o (in)tenso trabalho de tradução implicado nessas e em outras amplas redes de relações que compõem o mundo guarani. Há aí toda uma gestão e mobilização dessas relações de aliança e parentesco, em que diferentes domínios e perspectivas demandam diferentes retóricas e ações, e identidades étnicas tornam-se armas políticas, principalmente após a Constituição de 1988, envolvendo então toda uma diplomacia cosmopolítica mbya que parte de uma ética de moderação, xamânica, com vistas à fabricação de pessoas e coletivos saudáveis e alegres nesta terra perecível (tekoaxy), e se acentua ainda mais nesse contexto de constrangimento territorial e superpovoação, que impõe diversos limites ao exercício de sua territorialidade. Estas transformações estão inseridas em contextos como os de luta pela demarcação de terras e salvaguarda de direitos indígenas constitucionais, tal como em projetos de fortalecimento cultural sob a rubrica da cultura, nos quais o domínio da burocracia passa a corresponder a um maior domínio da arena de batalha e, com isso, afirmação e demarcação da diferença e resistência mbya contra o Estado. Retórica esta que passa então a afetar diretamente a produção de enunciados e perspectivas guarani para o futuro de suas lideranças e de sua comunidade. Estamos também diante de um contexto cada vez maior de valorização e protagonismo público de jovens mulheres mbya (kunhãgue), assim como da abertura e conquista de espaços de fala e atuação política no âmbito da comunidade, antes majoritariamente ocupados por figuras masculinas ou mais velhas e experientes. A partir disso, buscamos então refletir sobre a complementaridade e fortalecimento mútuo de ambos sujeitos, kunhãgue e avakue (homens mbya), e como suas diferentes capacidades-poderes (-poaka) se relacionam aos processos mbya de construção e composição de pessoas, lideranças e chefias, coletivos, discursos e práticas. A ideia então é alargamos de fato nossas concepções de política e pensar as movimentações desempenhadas pelos diversos sujeitos correspondendo mais a disposições cosmopolíticas diferenciantes e, portanto, relacionais, do que a funções ou (o)posições propriamente ditas ou mesmo fixas, a capacidades singulares de agir, fazer agir, afetar e ser afetado, que contam com diferentes modalidades e estilos de liderança e áreas de atuação, influência e prestígio. Tais figuras políticas podem ainda ser pensadas como tradutoras de mundos ou diplomatas cosmopolíticas, transitando por diferentes códigos e agenciando diferentes mundos. (AU)

Processo FAPESP: 15/00569-9 - Inspirações sobre o fazer(-se) político: dinâmicas cosmopolíticas entre os Guarani-Mbya
Beneficiário:Aline de Oliveira Aranha
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado