Busca avançada
Ano de início
Entree


Ferreiros e fundidores da Ilamba: uma história social da fabricação do ferro e da Real Fábrica de Nova Oeiras (Angola, segunda metade do século XVIII)

Texto completo
Autor(es):
Crislayne Gloss Marão Alfagali
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Silvia Hunold Lara; Lucilene Reginaldo; Mariana Pinho Candido; Robert Wayne Andrew Slenes; Roquinaldo Amaral Ferreira
Orientador: Silvia Hunold Lara
Resumo

Esta tese analisa a instalação de uma fábrica de ferro na região da Ilamba, no interior de Angola, na segunda metade do século XVIII, e seus desdobramentos a partir do ponto de vista das sociedades africanas. As mudanças nas relações de trabalho foram as mais impactantes e acabaram por deslindar modos de exploração do trabalho dos Ambundos, para além da escravidão, impostos desde a conquista. O estudo das faces normativa e prática dessas transformações trazem para o centro da narrativa os representantes da elite política africana, que constantemente reivindicaram seu estatuto de vassalos para denunciar os abusos que eles e seus súditos sofriam. Outros aspectos das relações coloniais manifestos durante a construção da fundição de Nova Oeiras foram os conflitos em torno de minas e terras e o controle da fabricação e comercialização de objetos de ferro. Esses eram recursos naturais e utensílios que para os africanos detinham significados para além do econômico. Os ferreiros e fundidores da Ilamba produziam um ferro de alta qualidade em fornos baixos, com seus instrumentos rústicos. Sua trajetória, enquanto grupo de artesãos, foi o fio condutor da pesquisa, pois permitiu compreender as disputas, conflitos, costumes e tradições envolvendo tanto as estratégias do domínio colonial português, quanto as formas de resistência, a invenção de novas práticas, a elaboração de discursos articulados pelos africanos. Na redução da escala de análise, nota-se que as determinações locais tiveram peso tão ou mais significativo nas decisões tomadas na sede do Império que as ideias Ilustradas que marcaram o período. Os embates entre as personagens do sertão de Angola - moradores, sobas, os "filhos", capitães-mores, ilamba, imbari, negociantes, pumbeiros, ferreiros e fundidores ¿ guiaram as diretrizes governativas em Luanda e enfatizam as complexas redes hierárquicas das relações de domínio, no auge do trato de escravos. Por fim, baseada em uma leitura das fontes que privilegia o ponto de vista africano, a tese propõe uma nova interpretação sobre as narrativas dos fracassos de Nova Oeiras, considerando que os Ambundos elaboraram estratégias bem-sucedidas para manter em seu poder os conhecimentos e os benefícios que a metalurgia conferia (AU)

Processo FAPESP: 13/12458-1 - Projetos coloniais, experiências africanas: a povoação de Nova Oeiras e sua fábrica de ferro. Angola, segunda metade do século XVIII.
Beneficiário:Crislayne Gloss Marão Alfagali
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado