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Avaliação do processo de reparo peri-implantar em ratas tratadas com dose oncológica ou dose osteoporótica de zoledronato

Texto completo
Autor(es):
Luan Felipe Toro
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Botucatu. 2019-03-22.
Instituição: Universidade Estadual Paulista (Unesp). Instituto de Biociências. Botucatu
Data de defesa:
Orientador: Edilson Ervolino; Valdir Gouveia Garcia
Resumo

Bisfosfonatos (BPs) são fármacos amplamente empregados no tratamento de condições que desencadeiam osteólise, atuando via inibição do processo de reabsorção óssea. Os BPs de maior potência, como o zoledronato, são utilizados para o controle da progressão de metástase óssea em neoplasias malignas osteotrópicas ou para o tratamento da osteoporose severa. Todavia, um dos seus efeitos adversos é a ocorrência da osteonecrose dos maxilares associada à terapia medicamentosa (ONM-M). Dentre os principais fatores de risco locais para a ONM-M destacam-se as intervenções odontológicas invasivas, como as cirurgias para instalação de implantes dentários osseointegráveis. Apesar do aumento no número de relatos clínicos de ONM-M após a instalação de implantes dentários em pacientes tratados com BPs, poucos são os estudos que visam compreender quais as alterações que desencadeiam esta condição. Diante disso, o objetivo deste estudo foi analisar o processo de reparo peri-implantar na tíbia de ratas tratadas com dose oncológica ou dose osteoporótica de zoledronato e avaliar a existência de correlação entre tal processo e a ocorrência de lesões osteonecróticas. Quarenta ratas (6 meses) foram distribuídas em dois experimentos: Experimento I: receberam injeções intraperitoneais (IP) de 0,45ml de solução de cloreto de sódio (NaCl) 0,9% (grupo VEI-ONC, n=10) ou desta mesma solução acrescida de 100µg/Kg de zoledronato (grupo ZOL-ONC, n=10), a cada 4 dias, durante 8 semanas; Experimento II: receberam injeções IP de 0,45ml de NaCl 0,9% (grupo VEI-OST, n=10) ou desta mesma solução acrescida de 100µg/Kg de zoledronato (grupo ZOL-OST, n=10), a cada 28 dias, durante 24 semanas. Em ambos os experimentos, decorridas 16 semanas do início do protocolo medicamentoso, os animais foram submetidos à instalação de um implante de titânio nas tíbias direita e esquerda. A eutanásia foi efetuada aos 56 dias pós-operatórios. Após a dissecção e realização de um minucioso exame clínico da região peri-implantar, as tíbias esquerdas foram submetidas ao escaneamento microtomográfico para análise da microarquitetura e estruturação do tecido ósseo peri-implantar e, posteriormente, ao processamento histológico por desgaste para análise histométrica do contato osso/implante (COI), um parâmetro para avaliação da osseointegração dos implantes de titânio. As tíbias direitas foram submetidas ao processamento histológico convencional pós-desmineralização, e as secções histológicas foram coradas pela hematoxilina-eosina para análise histopatológica dos tecidos peri-implantares e adjacentes, análise histométrica da porcentagem de tecido ósseo total (PTO-T) e da porcentagem de tecido ósseo não vital (PTO-NV) na região peri-implantar, ou destinadas à reação imunoistoquímica para detecção e quantificação da proteína morfogenética óssea 2/4 (BMP2/4, Bone morphogenetic protein 2/4), do fator de transcrição relacionado à runt 2 (RUNX2, Runt-related transcription factor 2), da osteocalcina (OCN, Osteocalcin), e da fosfatase ácida resistente ao tartarato (TRAP, Tartrate-resistant acid phosphatase). Os dados foram analisados estatisticamente com nível de significância de 5%. ZOL-ONC apresentou maior porcentagem de volume ósseo e menor porosidade total em relação aos grupos VEI-ONC e ZOL-OST, e maior PTO-T em relação ao grupo VEI-ONC. ZOL-ONC e ZOL-OST apresentaram maior PTO-NV e menor número de células RUNX2-positivas e OCN-positivas em relação aos grupos VEI-ONC e VEI-OST, respectivamente, além de extensas áreas de tecido ósseo não vital e focos de inflamação. O COI e o número de células BMP2/4-positivas e TRAP-positivas não diferiram entre os grupos, porém, estas últimas exibiram características de inatividade em ZOL-ONC e ZOL-OST. Deste modo, conclui-se que o tratamento com dose oncológica ou dose osteoporótica de zoledronato não afeta negativamente a osseointegração dos implantes de titânio e a quantidade de tecido ósseo peri-implantar, porém ocasiona o surgimento de áreas de tecido ósseo não vital e focos de inflamação, o que sugere que a instalação de implantes osseointegráveis deva ser vista com grande cautela em tais condições, pois pode constituir-se em um importante fator de risco local para o desencadeamento da ONM-M. (AU)

Processo FAPESP: 17/16364-2 - Avaliação do processo de reparo peri-implantar em ratas tratadas com dose oncológica ou dose osteoporótica de zoledronato
Beneficiário:Luan Felipe Toro
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado