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O microbiona vaginal de mulheres em idade reprodutiva é um indicador da infecção cervical pelo Papilomavírus Humano

Texto completo
Autor(es):
Julia Andrade Pessoa Morales
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Botucatu. 2020-03-13.
Instituição: Universidade Estadual Paulista (Unesp). Faculdade de Medicina. Botucatu
Data de defesa:
Orientador: Márcia Guimarães da Silva; Camila Marconi
Resumo

Introdução: O entendimento do papel desempenhado pela microbiota vaginal para a saúde reprodutiva tem ganhado destaque na literatura mundial, especialmente no que se refere à associação com a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV). Diversos fatores de risco para a infecção por HPV já foram identificados, com destaque para a vaginose bacteriana (VB). Apesar de tal associação já ter sido demonstrada, diversos aspectos dessa relação permanecem desconhecidos, dada a diversidade microbiana presente no ambiente vaginal. Embora a recente caracterização do microbioma vaginal tenha permitido o conhecimento da real composição microbiana nesse ambiente, a relação entre componentes do microbioma vaginal e a infecção por HPV permanece por ser elucidada. Objetivo: O objetivo desse estudo é avaliar a associação entre componentes do microbioma vaginal e a infecção cervical por genótipos de alto risco oncogênico do HPV (hrHPV). Pacientes e Métodos: Trata-se de estudo transversal incluindo 546 mulheres oriundas das 5 macrorregiões brasileiras incluídas em estudo prévio intitulado “Caracterização do microbioma vaginal de mulheres brasileiras em idade reprodutiva”. O microbioma vaginal foi determinado pelo sequenciamento das regiões V3-V4 do gene bacteriano RNAr 16S em equipamento MiSeq Plataforma 300PE (Illumina, San Diego, CA) e agrupados em community- state types (CSTs). Amostras cervicais foram submetidas à pequisa e genotipagem de HPV empregando-se o kit Linear Array HPV genotyping (Roche Molecular Systems, Pleasanton, CA). Modelos de regressão logística stepwise (forward, P<0,15) foram utilizados para a construção de dois escores lineares para predizer a positividade para hrHPV: um baseado exclusivamente na presença dos taxons bacterianos identificados (microbiome-based [MB] score) e o outro baseado exclusivamente em características sociodemográficas, comportamentais e clínicas (SBC score). O MB score combinou coeficientes de 30 (de 116) espécies retidas no modelo. O SBC score reteu 6 (idade, estatus marital, nova parceria sexual, uso de contraceptivo hormonal, índice de massa corporal, e tabagismo) de 25 variáveis candidatas. Foram construídas curvas ROC para os escores para a correlação com hrHPV e comparadas suas AUC e 95% IC para inferir a diferença em suas performances de predição. Resultados: A prevalência de hrHPV foi 15,8% (n=86) e 143 (26,2%) participantes tiverem microbioma com depleção de predomínio lactobacilar. As AUC foram 0,8022 (IC: 0.7517-0.8527) para o MB score e 0,7027 (IC: 0.6419-0.7636) para o SBC score (P=0,0163 para a diferença entre AUCs). Conclusão: O estudo demonstra a forte correlação entre 8 componentes do microbioma vaginal e a infecção por hrHPV, propondo a utilidade dos componentes do microbioma como indicador da infecção por hrHPV, aqui demonstrados através do MB score. A utilidade clínica do score como ferramenta preditora da infecção por hrHPV deve ser validada posteriormente em estudos longitudinais. (AU)

Processo FAPESP: 18/18469-9 - Busca de preditores do microbioma vaginal para a infecção por papilomavírus humano (HPV) no trato genital inferior de mulheres brasileiras em idade reprodutiva
Beneficiário:Julia Andrade Pessoa Morales
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado