Texto completo
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| Autor(es): |
Larissa Picinato Mazuchelli
Número total de Autores: 1
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| Tipo de documento: | Tese de Doutorado |
| Imprenta: | Campinas, SP. |
| Instituição: | Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Estudos da Linguagem |
| Data de defesa: | 2019-08-30 |
| Membros da banca: |
Rosana do Carmo Novaes Pinto;
Julie Hengst;
Flávia Sollero de Campos;
Marcus Vinicius Borges Oliveira;
Marco Antonio Villarta Neder
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| Orientador: | Rosana do Carmo Novaes Pinto |
| Resumo | |
O processo de envelhecimento, frequentemente descrito como o "destino ao qual estamos todos condenados", é um fenômeno complexo que tem sido investigado em diversas áreas, como a Psicologia, a Gerontologia e a Antropologia. Na Linguística no Brasil, no entanto, o trabalho mais relevante sobre o tema ainda é "A língua dos idosos: um estudo da análise da conversação", de Preti (1991), cuja reflexão baseia-se em um corpus restrito de enunciados de duas pessoas com mais de 80 anos falantes da norma culta urbana de São Paulo. Considerando o crescente número dessa população no Brasil e a relativa falta de reflexão linguística sobre os enunciados desses sujeitos, esta tese investigou aspectos da relação entre linguagem e envelhecimento. Fundamentada na perspectiva sócio-histórica da Neurolinguística e desenvolvida dentro dos estudos do GELEP/CNPq-Lattes, a pesquisa teve como objetivo descrever e analisar algumas características linguístico-cognitivas que pudessem nos ajudar a melhor compreender os discursos produzidos sobre o envelhecimento e por indvíduos em processo de envelhecimento, respondendo para tanto três questões: i) quais estereótipos são difundidos nos discursos sobre envelhecimento que circulam e constituem seu ethos na sociedade?; ii) o que a análise da produção linguística no envelhecimento mostra sobre as estratégias utilizadas pelos participantes na busca por palavras, considerada uma das maiores dificuldades de produção linguística; e iii) como essa discussão pode contribuir para um melhor entendimento de aspectos da relação entre produção de fala normal e patológica? Para responder à primeira questão, articulo algumas discussões desenvolvidas no âmbito da Saúde Pública, Psicologia e Antropologia para analisar e criticar práticas estereotipadas e discriminatórias contra indivíduos em processo de envelhecimento. Analiso, por um lado, alguns comerciais de televisão brasileiros transmitidos entre 2007 e 2017, nos quais indivíduos em processo de envelhecimento atuam como personagens nas narrativas comerciais mas não constituem o público-alvo direto e, por outro lado, narrativas de participantes sobre o que significa para eles envelhecer. Para responder às segunda e terceira questões, investiguei o fenômeno Dificuldade de Encontrar Palavras através da análise da produção de circunlóquios - muitas vezes considerado como um sintoma de déficit e tipicamente associado ao processo de envelhecimento - em interação. O objetivo foi refletir sobre como tal análise pode nos ajudar a desmistificar aspectos da produção linguística de indivíduos em processo de envelhecimento, bem como questionar as fronteiras entre produções de fala normal e patológica. Tais discussões foram fundamentadas na análise de entrevistas semi-estruturadas realizadas com onze voluntários (com e sem distúrbios de linguagem) que viviam sozinhos, com suas famílias ou em uma instituição de longa permanência sem fins lucrativos em Campinas, SP. Alguns participantes também faziam parte do Centro de Convivência de Afásicos - IEL/UNICAMP - ou estavam a ele ligados. As entrevistas foram vídeo-gravadas e transcritas discursivamente. De modo geral, o estudo dá visibilidade para como a circulação recorrente de estereótipos não apenas frequentemente fundamenta as representações de envelhecimento na mídia e a avaliação da produção linguística de indivíduos em processo de envelhecimento, mas reforça experiências limitantes. A pesquisa pretende, assim, desmistificar um discurso hegemônico que concebe o processo apenas em termos de déficit, perdas, ou como declínio inevitável, oferecendo contranarrativas de envelhecimento e uma interpretação analítica da produção de circunlóquios, aqui entendido como estratégia comunicativa e não apenas um sintoma. O estudo busca, portanto, contribuir com as discussões atuais e necessárias sobre a intricada relação entre linguagem e envelhecimento, chamando atenção para a heterogeneidade constitutiva do processo de envelhecimento e a necessidade de sua inclusão nas reflexões da Linguística e de outras áreas que se interessem por fenômenos relativos ao envelhecimento (AU) | |
| Processo FAPESP: | 15/15515-1 - A linguagem nos processos de envelhecimento normal e patológico na perspectiva da Neurolinguística |
| Beneficiário: | Larissa Picinato Mazuchelli |
| Modalidade de apoio: | Bolsas no Brasil - Doutorado |