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Produções ciborgues: imigrantes brasileiras & mídias sociais no Canadá

Texto completo
Autor(es):
Rodrigo Fessel Sega
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Pedro Peixoto Ferreira; Bárbara Castro; Juliana do Prado; Roberta Guimarães Peres; Rosana Aparecida Baeninger
Orientador: Pedro Peixoto Ferreira
Resumo

A migração de brasileiros para o Canadá cresce exponencialmente nas últimas duas décadas. Por não terem rede familiar ou de amizade no país, os(as) imigrantes adquirem informações sobre o processo e estabelecem redes de apoio por meio de conteúdo online produzido pelas imigrantes brasileiras. A motivação desta tese vem da perspectiva de que, apesar da centralidade dos usos das mídias sociais nesse fluxo migratório, os efeitos e as implicações desses usos não haviam sido explorados. A partir do levantamento teórico, constatei a ausência de pesquisas sobre a interseccionalidade entre tecnologia e gênero no processo de migração internacional qualificada para o Canadá. Assim, este trabalho tem por objetivo analisar como a associação entre imigrantes brasileiras e mídias sociais, em especial blogs, YouTube e Instagram, gesta e regula o cotidiano migratório, construindo sujeitos migrantes e impulsionando o fluxo de brasileiros(as) qualidicados(as) para o Canadá. Para discutir mídia social, utilizo o conceito de escala de Daniel Miller (2015) e as discussões de hierarquias de David Beer (2008). Quanto à compreensão das dimensões de gênero, baseio-me nos conceitos de regulação e performance de Judith Butler (2002, 2014) e de ciborgue de Donna Haraway (2009), concordando com Patrícia Pessar (1999), a qual reitera a importância de trazer o conceito de gênero para os estudos migratórios. Por fim, ao pensar como gênero, mídias sociais e migração internacional se intersecionam, trago para a análise a ideia de Bruno Latour de mediação técnica (1994) e centro de cálculo (2004). Dessa maneira, proponho a compreensão dessas associações sociais como mediações técnicas que armazenam e articulam comportamentos privilegiados ou marginalizados no processo migratório, reorganizando planejamento familiar, estratégias de inserção no mercado de trabalho e adaptação na sociedade canadense. Além disso, evidencio que blogs, canais do YouTube e contas do Instagram agem como centro de cálculo e traduzem a experiência migratória a partir da construção de uma imagem romantizada sobre o país em sinergia com os sentimentos de solidão, isolamento e frustração experienciados pelas imigrantes brasileiras. Uma ampla gama de dados é necessária para a realização dessas discussões. Por essa razão, utilizo uma combinação de metodologias para levantamento e análise desses dados, quais sejam: análise textual e visual de publicações em blogs, YouTube e Instagram (TRAMMELL; KESHELASHVILI, 2005; HOOKWAY, 2008; RAMAN; KASTURI, 2014), etnografia multisituada no Brasil, no Canadá e online (MARCUS, 1995; HIRAI, 2012) e entrevistas semiestruturadas com imigrantes brasileiros qualificados e agentes políticos envolvidos no processo de migração qualificada do Brasil para o Canadá (KOSMINSY, 1986; POUPART, 2008; LIMA, 2016). Por fim, exploro novas vias metodológicas que envolvem migração qualificada, internet e afetos, assim como também discuto os limites do fazer científico. Inicio, com esta tese, uma discussão para a compreensão das relações de gênero no processo de adaptação dos(as) imigrantes no Canadá, relacionando a produção de conteúdo online com sentimentos de solidão e isolamento. Ademais, contribuo metodologicamente com novas formas de se explorar o uso de imagens na pesquisa, preservando sua significação e, ao mesmo tempo, o anonimato dos(as) interlocutores(as) (AU)

Processo FAPESP: 16/03629-5 - Tecnologias e gênero no processo migratório para o Canadá
Beneficiário:Rodrigo Fessel Sega
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado