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A luta se faz caminhando: sacralização de lideranças camponesas e indígenas assassinadas em contextos de conflito de terra no Brasil

Texto completo
Autor(es):
Edimilson Rodrigues de Souza
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Emília Pietrafesa de Godoi; Nashieli Rangel Loera; Artionka Manuela Góes Capiberibe; Maria Cristina Pompa; Edson Hely Silva
Orientador: Emília Pietrafesa de Godoi
Resumo

Esta tese analisa os efeitos da transformação ritual de lideranças camponesas e indígenas, assassinadas em zonas de intenso conflito fundiário na Amazônia e Nordeste brasileiros, em mártires da terra e encantados. Para compreender a dimensão simbólica da luta pela terra, água e floresta nestas regiões do país, foram realizados trabalhos de campo de caráter etnográfico em três romarias organizadas e/ou apoiadas pelas regionais da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Conselho Indigenista Missionário (CIMI): a Romaria da Terra e da Água Padre Josimo, que acontece no mês de maio, a cada dois anos, nas cidades de São Sebastião do Tocantins e Buriti do Tocantins; a Romaria da Floresta, que ocorre no mês de julho em Anapu-PA; e a Romaria dos Mártires da Caminhada, também realizada em julho, no município de Ribeirão Cascalheira-MT, onde está localizada a Galeria dos Mártires da América Latina; e a Assembleia Anual Xukuru do Ororubá, que acontece no mês de maio, em Pesqueira-PE. Ao refazer o caminho dos mártires e encantados nos locais dos assassinatos e sepultamentos, vimos em ação sistemas simbólicos, na afirmação, por exemplo, de que os líderes mortos "continuam vivos e presentes na caminhada", foram "plantados como sementes" ou que seu "sangue fortalece a luta pela terra". O ato narrativo e a caminhada sugerem a modificação do estatuto da vida e da morte (traduzida em violência) ao recolocar o líder martirizado e encantado no centro do enfrentamento cotidiano por direitos humanos à terra, água, floresta e vida, descritos como fundamentais. A partir de narrativas orais (cantos, falas) e visuais (fotografias, objetos pessoais, painéis, camisetas, entre outros) estes grupos trazem à tona a dimensão criativa e reivindicativa destas romarias e assembleias, que homenageiam suas lideranças assassinadas, e transformam mártires e encantados em operadores de relações entre pessoas e mundos (AU)

Processo FAPESP: 15/20035-9 - DONOS DA LUTA: Sacralização de lideranças camponesas e indígenas assassinadas em áreas de conflito fundiário
Beneficiário:Edimilson Rodrigues de Souza
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado