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Working poor japonês: trabalho imigrante dekassegui e suas transversalidades

Texto completo
Autor(es):
Mariana Shinohara Roncato
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Ricardo Antunes; Bárbara Castro; Lívia de Cássia Godoi Moraes; Fábio Kazuo Ocada; Liliana Rolfsen Petrilli Segnini
Orientador: Ricardo Antunes
Resumo

Conhecida por dekassegui, a comunidade imigrante brasileira no Japão contabiliza mais de 200 mil pessoas, acumulando 30 anos de fluxo migratório. A carência de força de trabalho em setores chaves da economia japonesa ¿ tais como na indústria, na construção civil e no setor de cuidados¿ se acentua a cada ano, evidenciando a pauta política sobre a entrada de imigrantes. A população japonesa como um todo não para de encolher, de envelhecer, assim como a taxa de fecundidade baixa impossibilita a reposição populacional e reprodução do capital. A problemática da carência de força de trabalho assim perpassa por questões econômicas, mas não somente, ela é atravessada também por conflitos étnicos e de gênero presentes naquele país. Nesse contexto, a presente tese de doutorado teve como objetivo a compreensão do trabalho imigrante dekassegui através de uma perspectiva integrativa entre classe, gênero e raça/etnia, dando centralidade a essa imbricação. Optamos pela perspectiva analítica da Teoria da Reprodução Social (TRS) e procuramos questionar como, por qual razão, qual a função social e a origem da exploração e opressão de classe, gênero e raça/etnia que se manifestam de forma paradigmática na vida da dekassegui. O trabalho exercido por essa população, de modo geral, se limita à indústria automobilística e eletroeletrônica, com contratos laborais de curta duração, sem estabilidade, jornada intermitente e com poucas possibilidades de ascensão na carreira. Não obstante, quando se comparada a situação vivida anteriormente ao processo migratório, residir no Japão também significa uma melhoria das suas condições materiais, certo conforto e segurança. Ou seja, por um lado, há uma intensa exploração de seu trabalho em condições penosas que acompanha opressões de gênero e raça, sem embargo, a situação econômica que o Japão lhes oferece faz com que sua permanência se estenda. Para compreensão das contradições presentes desse fenômeno migratório, fizemos uma pesquisa in loco com a população dekassegui residente na cidade Toyota, com o intuito de analisar como que exploração e opressão se manifestam no caso japonês. Considerando a imigrante como um paradigma da trabalhadora flexível, nos questionamos qual a especificidade da imigrante e o que a difere do trabalhador autóctone em condições precarizadas. Ademais, objetivamos responder como que o cruzamento entre classe, gênero e raça/etnia se evidencia em uma sociedade com pouca tradição em receber imigrantes. Vale dizer que a abordagem da tríade ¿ raça, classe e gênero - se dá via articulação integrativa entre a produção da mercadoria força de trabalho e a reprodução do capital, o que nos possibilitou a compreensão da gênese da opressão da mulher. O intuito foi expor o entendimento de que gênero e raça, enquanto identidades são construções sociais necessárias ao capital e, por esta mesma razão, tiveram sua gestação, enquanto estrutura social, pari passu à gênese e desenvolvimento do capitalismo. No caso japonês, esta construção foi efetivada via ideia de homogeneidade étnica e cultural presentes até os dias de hoje. Por fim, mapeamos a articulação das lutas políticas entre imigrantes e japonesas como forma paradigmática de que a resistência também é realizada na articulação entre classe social, gênero e raça/etnia (AU)

Processo FAPESP: 14/14531-0 - Working poor japonês: trabalho imigrante dekassegui e suas transversalidades
Beneficiário:Mariana Shinohara Roncato
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado