Busca avançada
Ano de início
Entree


Motivos para prática de atividades físicas: uma abordagem evolucionista

Texto completo
Autor(es):
Rafael Ming Chi Santos Hsu
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Instituto de Psicologia (IP/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Jaroslava Varella Valentova; Sandro Caramaschi; Fernando Luiz Cardoso; Marcelo Fernandes da Costa; Patricia Izar Mauro; Michele Schultz Ramos
Orientador: Jaroslava Varella Valentova
Resumo

Introdução: Estudos motivacionais são cruciais para fomentar comportamentos que podem ser determinantes para a melhoria da saúde, como a prática de atividade física (AF). Nota-se um contraste entre as evidências favoráveis à importância da prática de atividades físicas (AFs) e a alta prevalência de níveis insuficientes de envolvimento. Uma forma de entender melhor por que isso vem ocorrendo é através do acréscimo de uma perspectiva evolucionista voltada aos aspectos inerentes à motivação para prática, o que envolve levar em consideração diferentes prioridades estabelecidas por também distintos praticantes. Até esta data, a maior parte da escassa literatura evolucionista direcionada às AFs enfocava as diferenças entre os sexos nos esportes, destacando-se hipóteses de funções mais adaptativas, como a Aliança de Coalizões (motivos sociais maiores em homens) ou a das práticas de Socialização (motivos de aparência maiores nas mulheres). Nota-se em particular uma carência de estudos considerando a abordagem para analisar os atuais sistemas classificatórios de AFs, boa parte dos quais apresenta problemas de excesso de subjetividade, podendo ser questionados devido a insuficiente embasamento teórico ou estatístico. Além disso, uma melhor compreensão de como tais variáveis se relacionam é capaz de aperfeiçoar as intervenções voltadas à promoção da saúde. Objetivos e Hipóteses: A primeira parte deste trabalho (Capítulo Um) priorizou verificar possíveis influências do tipo de AF praticado em subescalas de motivação (Interesse/Prazer, Competência, Aparência, Social e Condicionamento/Saúde) usando 4 categorias de AFs (Esportes Individuais, Esportes Coletivos, Exercícios, Práticas Corporais). A segunda (Capítulo Dois) fez uma análise semelhante, empregando categorias propostas por autores anteriores, como Orientação Motora (Embatividade, Ritmicidade, Aquaticidade) ou sem categorização prévia (em outras palavras, uma abordagem mais indutiva, estatisticamente falando). Também foi explorado (Capítulo Três) se participantes fisicamente ativos (com a distinção de praticarem há mais de 6 meses- Manutenção, ou por 6 meses ou menos Ação) apresentavam diferenças em relação aos sedentários em personalidade (Cinco Grandes fatores de personalidade), autoestima, sociossexuailidade e autoavaliações de saúde e atratividade. Esperava-se, por exemplo, que as motivações para prática ligadas à aparência seriam mais fortes em mulheres, enquanto as de sociabilidade prevaleceriam nos homens. Quanto ao tipo de AF, considerávamos encontrar um perfil diferenciado ao utilizar uma nova categoria- Práticas Corporais- em conjunto com mais tradicionais- Esportes e Exercícios. Quanto às categorias propostas pelos autores anteriores e a análise mais indutiva, esperávamos resultados com potencial de fomentar novas discussões aos campos da Educação Física/Ciências do Esporte/Psicologia das Atividades Físicas. Quanto a personalidade, sociossexualidade e demais fatores, esperava-se que os fisicamente ativos apresentassem maior extroversão, conscienciosidade, amabilidade, abertura, autoestima, comportamento sociossexual e menor neuroticismo em relação aos sedentários (com diferenças mais pronunciadas para os que praticam AF há mais tempo e também peculiaridades ao analisar cada sexo separadamente). Materiais e Métodos: Mais de 2652 participantes foram recrutados, os quais preencheram eletronicamente questionários sociodemográficos, de medição de participação e motivação para prática de AFs, variáveis de personalidade (Big Five, narcisismo, autoestima) e sexualidade (sociossexualidade). Resultados Principais: Capítulo Um- Encontraram-se efeitos principais do tipo de atividade física em todas as subescalas de motivação, e também do sexo (somente para Interesse/Prazer, maior para as mulheres). A categoria Exercícios foi a que apresentou maiores pontuações em motivações mais extrínsecas- aparência e saúde/condicionamento, enquanto os Esportes Coletivos (seguidos por Esportes Individuais) representaram os maiores escores nas motivações intrínsecas (interesse/prazer e competência), e também de sociabilidade. Por sua vez, as Práticas Corporais demonstraram um padrão intermediário, em geral mais próximo ao dos Esportes Individuais. Capítulo Dois: algumas AFs mostraram destaque em relação às demais. Por exemplo, praticantes de Caminhada apresentaram escores menores de Interesse/Prazer e Competência em relação a boa parte das outras modalidades. Já o Pilates diferenciouse por uma baixa motivação social. Por sua vez, a análise das categorias propostas em estudos anteriores mostrou um padrão, com um dos grupos sempre prevalecendo em relação aos demais em motivações intrínsecas e sociais, ou extrínsecas de Condicionamento/Saúde e Aparência. Capítulo Três: Para ambos os sexos, em algumas variáveis como Autoestima e saúde autorrelatada, notou-se um padrão no qual os participantes regulares de AFs (há mais de 6 meses) diferiram dos sedentários. Outros fatores apresentaram efeitos mais pronunciados apenas para determinado sexo, tais como mulheres ativas em manutenção pontuando mais do que sedentárias em extroversão e conscienciosidade, enquanto, para homens, maior sociossexualidade nos que praticavam há mais tempo em relação aos sedentários. Discussão: Os três artigos trazem contribuições importantes, pois acrescentam evidências favoráveis à criação de novas possibilidades de categorizar os tipos de AF, e assim melhor instruir intervenções direcionadas à promoção de saúde via manutenção da prática, usando as subescalas de motivação como fatores de agrupamento. Além disso, importantes peculiaridades foram notadas com relação aos fisicamente ativos e sedentários quanto a autoestima, sociossexualidade e personalidade, com resultados específicos de acordo com o sexo e/ou tempo de prática. Conclusões: Até o presente momento, os resultados encontrados podem sugerir importantes implicações às políticas e/ou intervenções ligadas à saúde pública via promoção de AFs. Apesar das limitações existentes, o sistema de classificação proposto- Atividade Física dividindo-se em Esportes, Exercícios e Práticas Corporais mostrou coerência, sobretudo no formato adotado- análise mais orientada às motivações, apresentando potencial de aperfeiçoamento futuro, com base nas demais análises. Novas classificações e intervenções práticas poderão ser elaboradas também levando em consideração variáveis ligadas às diferenças individuais, tais como personalidade, sociossexualidade e histórico prévio com as AFs. Juntos, os estudos que compõem esta pesquisa evidenciam maneiras através das quais as atividades físicas podem se relacionar com aspectos centrais da vida humana, bemestar, interações sociais e sexualidade. Mais pesquisas com orientação evolucionista e interdisciplinar articulando esses tópicos (e acrescentando outros) são necessárias (AU)

Processo FAPESP: 18/13937-4 - Motivações para prática de atividades físicas e personalidade: uma abordagem evolucionista
Beneficiário:Rafael Ming Chi Santos Hsu
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado Direto