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Boudica e as facetas femininas ao longo do tempo: nacionalismo, feminismo, memória e poder

Texto completo
Autor(es):
Tais Pagoto Bélo
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Pedro Paulo Abreu Funari; Rita Juliana Sares Poloni; Renato Pinto; Marina Regis Cavicchioli; Claudio Umpierre Carlan
Orientador: Pedro Paulo Abreu Funari
Resumo

Esta tese teve como intuito o estudo da personagem Boudica, rainha Bretã da tribo dos Iceni, que liderou um exército contra o Império Romano durante o século I d.C. É tida, atualmente, como um símbolo polivalente para os Britânicos, e encontra-se guardada na memória coletiva. A rainha guerreira foi uma representação feminina para as mulheres de poder da Inglaterra, tais como rainha Elizabeth I e rainha Vitória, tendo sido utilizada como uma insígnia de luta para as sufragistas e aproveitada como uma reprodução nacionalista. Sua imagem foi descrita, em primeira mão, na Antiguidade, por Tácito e Dião Cássio. O primeiro autor mencionou que, por ser uma mulher, não lhe cabiam o governo e a liderança, ao passo que para o segundo ela era física e psicologicamente retratada como uma mulher masculina, com a voz, o tamanho e as armas de um homem. Contudo, as informações e os escritos dos antigos autores foram posteriormente utilizados para outros trabalhos artísticos, bem como para peças de teatro, esculturas, livros, pinturas, trabalhos políticos e até mesmo charges que envolviam a figura feminina de Boudica. Essas obras, entretanto, não deixaram de apresentar a concepção social em relação à mulher diante da figura de Boudica. De modo a acrescentar, este estudo demonstra como o século XIX e o início do XX valeram-se dessa imagem e a legitimaram por meio de uma cultura material constituída por estátuas localizadas nas cidades de Londres, Cardiff e Colchester, e por um vitral, o qual se encontra nesta última localidade. Contudo, a validação da rainha guerreira, pelo poder governamental, se deu a partir do conceito de `tradição¿, em voga nesse período, para fins nacionalistas. Dessa forma, os Britânicos utilizaram símbolos como bandeiras, hinos nacionais e até mesmo a personificação da nação, com o intuito de conceber a própria pátria. Essas reproduções estariam ligadas às práticas governamentais, teriam seus próprios valores e regras, seriam facilmente aceitos pelo povo e teriam uma conexão com o passado (Hobsbawm, 1993). Embora Boudica tenha sido lembrada por quase cinco séculos e se tornado uma figura familiar para os ingleses, não quer dizer que historiadores e arqueólogos saibam muito ao seu respeito. De outra forma, constatou-se por entrevistas feitas nos museus de Norwich, Norwich Castle Museum & Art Gallery, de Colchester, Colchester Castle Museum, de Londres, Museum of London e de St. Albans, Verulamium Museum, que sua figura continua presente na memória coletiva dos britânicos. Sendo assim, conclui-se que o presente estudo teve como essência os usos do passado diante de Boudica, sua importância e seu significado, tendo em vista que objetos, patrimônios, estátuas, pinturas, construções e outros encontram-se enraizados na cultura e na história de um grupo ou uma nação e são envolvidos em sentimentos, memória, honra, nostalgia e poder (AU)

Processo FAPESP: 10/52265-0 - Boudica e as facetas femininas ao longo do tempo: nacionalismos, feminismos, memoria e poder
Beneficiário:Tais Pagoto Bélo
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado