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Dispersão direcional por formigas e fase regenerativa pos-dispersão da especie ruderal Ricinus communis L. (Euphorbiaceae)

Texto completo
Autor(es):
Valéria Forni Martins
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Biologia
Data de defesa:
Membros da banca:
João Semir; Ivany Ferraz Marques Valio; Caio Graco Machado Santos
Orientador: João Semir; Claudia Regina Baptista Haddad
Resumo

A reprodução vegetal por meio de sementes compreende duas fases: a de regeneração dos indivíduos de uma população e a de estabelecimento dos adultos. A fase regenerativa consiste de uma série de estádios, como liberação, dispersão, dormência/quiescência e germinação de sementes, e estabelecimento de plântulas, cada um com variações na duração e no mecanismo de acordo com a espécie ou a população. Desta forma, a dispersão de sementes é a etapa do ciclo reprodutivo das plantas que inicia a renovação das populações vegetais. Vantagens da dispersão incluem a deposição desproporcional mente maior de sementes em sítios que são melhores para a sobrevivência de sementes e o estabelecimento de plântulas, sendo estes os componentes da hipótese de dispersão direcionaI. Apesar da dispersão direcional ser considerada de comum ocorrência e de grande importância ecológica, há poucos exemplos descritos na literatura. No entanto, um dos casos mais reconhecidos é a mirmecocoria, ou dispersão de sementes por formigas. Ricinus communis, popularmente conhecida como mamona, tem sementes tipicamente mirmecocóricas que são dispersas secundariamente por formigas. Estes insetos carregam as sementes com elaiossomo até seus ninhos, onde retiram e retêm este apêndice, e descartam as sementes sem elaiossomo no exterior dos formigueiros. Assim, formigas podem atuar como dispersores direcionais de R. communis, além de provavelmente desempenharem um importante papel na germinação de suas sementes, uma vez que é atribuída a existência de substâncias inibidoras de germinação ao elaiossomo. É popularmente conhecido que R. communis forma bancos de sementes persistentes, apesar de não existirem registros científicos dos mesmos. Devido à capacidade de ocupar os mais diversos habitats após perturbação, o que pode ser atribuído à regeneração a partir de bancos de sementes, esta espécie é considerada ruderal. Os objetivos deste estudo foram determinar se R. communis apresenta dispersão direcional por formigas e se a ocupação de novos habitats pode ser atribuída às possíveis características ruderais da fase regenerativa pós-dispersão desta espécie. Foi encontrado um maior número de sementes sem elaiossomo, plântulas e jovens de R. communis nos locais de descarte de formigueiros, e sementes com elaiossomo foram igualmente encontradas nestes locais e em suas redondezas. A remoção de sementes pós-dispersas de R. communis não diferiu entre locais de descarte de formigueiros e suas redondezas. A remoção apresentou um pequeno aumento ao longo do tempo e foi inversamente dependente de densidade. No entanto, a redução da remoção não foi proporcional ao aumento da densidade dê sementes originalmente depositadas nos locais de descarte de formigueiros e em suas redondezas. Solos de formigueiros não apresentaram maior concentração de nutrientes, e não houve diferença no número de sementes germinadas e no vigor de jovens entre locais de descarte de formigueiros e suas redondezas. Além disto, formigas não conferiram proteção diferencial contra herbivoria às plântulas crescendo nos locais de descarte de seus ninhos. Sementes de R. communis de diferentes idades apresentaram respostas de germinação distintas, porém, foi observada germinação em todas as condições às quais foram expostas. Além disto, sementes com um ano não apresentaram resposta de germinação esperada para sementes que são incorporadas em bancos de sementes. Foram encontradas poucas sementes viáveis de R. communis no solo, apesar de ser observada emergência maciça de plântulas após perturbação do solo em diversas áreas. A espécie é heliófila, porém capaz de ocupar habitats consideravelmente sombreados. Além disto, R. communis é uma fraca competidora, mas é capaz de se estabelecer em áreas que têm alta densidade de indivíduos. O presente estudo demonstrou que a deposição de sementes pós-dispersas em locais de descarte de formigueiros não confere vantagens adicionais a R. communis e que formigas não atuam como dispersores direcionais desta espécie. Além disto, R. communis não apresenta todas as características típicas de plantas ruderais, e seu sucesso em colonizar os mais variados habitats pode ser atribuído à sua plasticidade de respostas às diversas condições ambientais (AU)

Processo FAPESP: 03/11123-4 - Dispersão direcional e bancos de sementes de Ricinus communis L. (Euphorbiaceae)
Beneficiário:Valéria Forni Martins
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado