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Variações estruturais, químicas e de crescimento do lenho de espécies distribuídas ao longo de um gradiente de vegetação neotropical sazonal (floresta sempre verde-savana-floresta seca) e suas relações com as mudanças climáticas

Texto completo
Autor(es):
José Roberto Vieira Aragão
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Biologia
Data de defesa:
Membros da banca:
Peter Stoltenborg Groenendyk; Giuliano Maselli Locosselli; Ana Carolina Maioli Campos Barbosa; Rafael Silva Oliveira; Claudio Roberto Anholetto Junior
Orientador: Peter Stoltenborg Groenendyk
Resumo

As florestas tropicais são importantes prestadoras de serviços ecossistêmicos e reguladoras do clima. Dentre elas, as florestas sazonais desempenham um papel-chave como sumidouro sazonal de carbono, modulado por temperatura e precipitação. Apesar disto, pouco se sabe sobre como a variabilidade climática interanual afeta o crescimento e a estrutura do lenho das árvores e como as respostas ao crescimento climático variam entre os gradientes de chuva nessas florestas. Aqui nós avaliamos as mudanças na sensibilidade climática do crescimento de árvores, diversos traços químico-físicos da madeira dentro de classes diamétricas de tamanho (SCI) de 8 cm, bem como construímos projeções de crescimento e rendimento futuro do lenho após ciclos de corte programados ao longo de um gradiente ambiental de tipos de vegetação tropical sazonalmente seca (floresta sempre verde – savana – floresta seca) no Nordeste do Brasil, usando espécies congenéricas de dois gêneros neotropicais comuns: Aspidosperma e Handroanthus. Construímos cronologias de largura de anéis de árvores para cada combinação de espécies × tipo de floresta e exploramos como a variabilidade de crescimento se correlacionava com fatores climáticos locais (precipitação, temperatura) e globais (El Niño Oscilação Sul - ENOS). Também avaliamos como a sensibilidade do crescimento ao clima e a presença de desvios de crescimento variaram ao longo do gradiente. Através das cronologias calculamos o SCI e quantificamos suas mudanças na eficiência no uso da água (iEUA) ao longo do tempo, relação com estrutura e química do lenho, além das diferenças entre tipos florestais distintos. Calculamos ainda aspectos referentes ao diâmetro cumulativo, a trajetória de crescimento das árvores ao longo do gradiente e seu rendimento após dois ciclos de corte. Nossos resultados revelam um efeito dominante da precipitação no crescimento das árvores em florestas tropicais sazonalmente secas e sugerem que ao longo do gradiente, as florestas secas são as mais sensíveis ao déficit hídrico. A relação negativa de temperatura e ENOS com o crescimento foram semelhantes entre os locais, no entanto, desvios negativos de crescimento foram observados principalmente nas espécies de floresta seca. Em contrapartida, temperatura e ENOS influenciaram positivamente a iEUA, que aumentou ao longo do tempo em todas as florestas sazonais, independentemente do tipo florestal e não gerou efeitos sobre o crescimento. Na floresta seca, a variação na iEUA de A. multiflorum teve relação significativa com a frequência dos elementos de vaso no xilema e a concentração de Fe, S e K/Ca, mostrando a importância da utilização de mais de uma estratégia para suportar o estresse hídrico em florestas secas. Neste sentido, as espécies de matas secas foram as que apresentaram menor crescimento em relação as suas congêneres de outros tipos florestais, com limites de extração distintos entre as espécies congêneres de Aspidosperma e Handroanthus. Apenas A. castroanum (floresta sempre verde), apresentou rendimento próximo ao considerável sustentável (~80%), enquanto as demais espécies tiveram um rendimento médio baixo, entre 10-30%. Esses resultados destacam a importância de entender a sensibilidade climática de diferentes florestas tropicais. Compreender o impacto da escassez hídrica na produtividade de florestas sazonais e suas estratégias para suportá-la podem auxiliar no entendimento do ciclo de carbono futuro e servir de base para medidas de mitigação das mudanças no clima. Estas diferenças mostram que o tipo de manejo florestal deve atender às variações socioambientais ao longo de gradientes florestais e que as matas secas são as que mais demoram a se recuperar após o manejo. Esse entendimento é fundamental para prever a dinâmica do carbono em regiões tropicais, e diferenças de sensibilidade devem ser consideradas ao priorizar medidas de conservação de florestas tópicas sazonalmente secas (AU)

Processo FAPESP: 18/24514-7 - Avaliação do crescimento arbóreo em um gradiente Mata Atlântica - Cerrado - Caatinga e suas relações com as mudanças climáticas
Beneficiário:José Roberto Vieira Aragão
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado