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Fazendo a reverência ao touro: um estudo da Tauromaquia de Goya

Texto completo
Autor(es):
Érica Boccardo Burini
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Patricia Dalcanale Meneses; Paulo Mugayar Kuhl; Claudia Valladao Mattos
Orientador: Patricia Dalcanale Meneses
Resumo

A Tauromaquia é uma série de, inicialmente, 33 gravuras em metal, desenhadas e gravadas por Francisco Goya. A sua primeira edição foi publicada em Madri, em 1816. A presente pesquisa propõe um estudo da circulação e da recepção dessa série taurina entre a Espanha e a França, no decorrer do século XIX. As imagens das gravuras não apresentam uma leitura única, como é de costume na obra gráfica do mestre aragonês. São repletas de contradições, sutilezas e paradoxos que são vistos de maneiras distintas em cada contexto. A conjuntura de criação das obras é da recente restauração de Fernando VII, que restabelece também a Inquisição. A obra de Goya difere muito da iconografia das touradas que circulava na época, pois apresentava uma forma de toureio antiquada, uma perspectiva histórica com a tese da invenção moura, composições escuras e de contornos por vezes indefinidos, incidentes trágicos e encerra o percurso com a morte do célebre toureiro Pepe Illo. A representação dos mouros é relacionada com os mamelucos que, junto ao exército napoleônico, invadiram a capital do país em 2 de maio de 1808. O próprio tema das touradas era alvo de disputas políticas, religiosas e identitárias. Enquanto os intelectuais ilustrados próximos ao artista criticavam as corridas como costume bárbaro, incivilizado e pagão, nacionalistas o defendem como elemento importante para a conservação da identidade do país, frente às influências estrangeiras, sobretudo francesas e revolucionárias. O olhar sobre a trajetória da série no país vizinho é motivado pelas cinco impressões da Tauromaquia atualmente localizadas no acervo do MASP, cuja proveniência apontada é a coleção particular de Victor Hugo. No início do século XIX, o fascínio sobre a cultura, os costumes e a arte espanhola é crescente na França, especialmente incentivado por saques e pilhagens de obras de arte que levaram à construção de duas coleções, uma pertencente ao Musée Napoléon, e a outra é a Galerie espagnole de Louis Philippe, ambas referentes ao Musée du Louvre. Neste contexto, é estudado o papel de Valentín Carderera, de Federico de Madrazo, e de Barão Taylor, como divulgadores e difusores da obra goyesca, com distintos meios e interesses. A recepção textual é investigada nos escritos de Carderera e de Théophile Gautier, e as biografias de Laurent Matheron e de Charles Yriarte, enquanto a recepção no campo das artes visuais tem como estudo de caso Eugène Delacroix e Édouard Manet. Surgem as imagens do artista espanhol enquanto rebelde, anti-acadêmico, paradoxal, entre homem do povo e servidor da Corte, violento, toureiro, mulherengo, ou, por outro lado, filósofo, revolucionário e liberal. Victor Hugo apresenta um papel de síntese entre as duas frentes, textual e visual, visto que sua obra, tanto poética quanto gráfica, é influenciada pelo mestre aragonês (AU)

Processo FAPESP: 19/17706-0 - Fazendo a reverência ao touro: um estudo das gravuras da tauromaquia de Goya presentes no MASP
Beneficiário:Érica Boccardo Burini
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado