Busca avançada
Ano de início
Entree


Caracterização do microbioma intestinal em pacientes com diferentes formas de epilepsia e nas encefalites autoimunes mediante análise metagenômica

Texto completo
Autor(es):
Diana Marcela Mejía Granados
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Faculdade de Ciências Médicas
Data de defesa:
Membros da banca:
Íscia Teresinha Lopes Cendes; Mario José Abdalla Saad; Andre Schwambach Vieira; Wilson Araújo da Silva Junior; José Eduardo Peixoto Santos
Orientador: Íscia Teresinha Lopes Cendes
Resumo

Introdução: As epilepsias são doenças heterogéneas e incapacitantes caracterizadas por uma predisposição persistente para gerar crises epilépticas. Apesar da existência de diversos fármacos anti-crise (FAC), cerca de um terço dos pacientes serão refratários ao tratamento clínico. Estudos em modelos animais têm demonstrado que a microbiota intestinal desempenha um papel regulador no sistema nervoso central através de vias neuroimunes, metabólicas e neuroendócrinas. No entanto, estudos avaliando essas interações em indivíduos com epilepsia permanecem escassos. O objetivo principal deste trabalho foi caracterizar a composição do microbioma intestinal em indivíduos com diferentes formas de epilepsia e nas encefalites autoimunes usando uma análise metagenômica. Métodos: Um total de 96 usuários do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC-UNICAMP) foram incluídos neste estudo. Os participantes foram divididos em quatro grupos: Epilepsia do lobo temporal mesial (ELTM), Epilepsia Genética Generalizada (EGG), Encefalite Autoimune (EA) e grupo controle (GC). O DNA microbiano foi extraído de amostras fecais congeladas usando o QIAamp POWERFECAL PRO DNA KIT (Qiagen®). As bibliotecas genômicas foram construídas a partir das regiões hipervariáveis V3 e V4 do gene 16S rRNA. As leituras obtidas foram analisadas usando o software Galaxy Australia (versão 21.01) e o QIIME. Resultados: O índice de Chao1 apresentou baixa riqueza de espécies no GC ([KW] p: 0,013982). O perfil de diversidade beta medido pelo índice de Bray-Curtis em nível de gênero e espécie revelou diferentes composições do microbioma entre pacientes e controles (PERMANOVA: p: 0,05; p: 0,033). Em nível de gênero, a análise discriminante linear (LDA) demonstrou que gêneros como Oxalobacteraceae_unclassified ([KW] p: 0,000174), Catenibacterium (p: 0,029512), Lactobacillus (p: 0,029561), Butyricimonas (p: 0,041936), Victivallis (p: 0,018568), Akkermansia (p: 0,024671) Clostridium_IV (p: 0,031173), Methanobrevibacter (p: 0,046593) e Subdoligranulum (p: 0,050545) foram associados ao grupo de ELTM e refratariedade ao tratamento. Além disso, organismos pertencentes ao filo Proteobacteria como Pasteurellaceae_unclassified e Desulfovibrio foram enriquecidos em pacientes com EA ([KW] p: 0,022761; p: 0,036555) em comparação com o GC. Discussão: O crescimento excessivo do gênero Akkermansia pode promover a degradação excessiva da mucina, levando a um aumento da permeabilidade epitelial que, por sua vez, pode afetar as vias de sinalização do eixo microbiota-intestino-cérebro. Além disso, diversos metabólitos ou componentes da parede celular de bactérias do filo Proteobacteria pode desencadear processos neuroinflamatórios, sinal cardinal na EA. Adicionalmente, descobrimos que organismos do gênero Oxalobacteraceae foram mais abundantes em pacientes com MTLE, o tipo de epilepsia caracterizado por uma alta proporção de pacientes com fenótipos resistentes a medicamentos. Em estudos anteriores, um aumento no filo Proteobacteria também foi associado à epilepsia refratária. Por fim, observamos uma predominância do gênero Faecalibacterium entre os indivíduos do GC. Esta bactéria produtora de butirato tem sido associada a um amplo benefício para a saúde do hospedeiro envolvendo o metabolismo energético, a inibição de histonas deacetilases e a regulação positiva de citocinas anti-inflamatórias. Portanto, seu incremento pode indicar uma assinatura microbiana em indivíduos saudáveis. Conclusão: Este estudo revela que pacientes com epilepsia apresentam alterações na composição da microbiota fecal, e marcadores microbianos específicos podem mediar a ocorrência de crises (AU)

Processo FAPESP: 18/00142-3 - Caracterização da microbioma intestinal em pacientes com diferentes formas de epilepsia e nas encefalites autoimunes mediante análise metagenômica
Beneficiário:Diana Marcela Mejia Granados
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado