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Efeitos do aumento de temperatura e estresse térmico prolongado na fisiologia e comportamento da rã-touro (Lithobates catesbeianus): correlações entre a fisiologia do estresse e personalidade animal

Texto completo
Autor(es):
Diego Pereira Nogueira da Silva
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Instituto de Biociências (IBIOC/SB)
Data de defesa:
Membros da banca:
Fernando Ribeiro Gomes; Hilton Ferreira Japyassú; Patricia Izar Mauro
Orientador: Fernando Ribeiro Gomes
Resumo

Mudanças ambientais antropogênicas, em especial, mudanças climáticas, são um dos principais fatores associados com a grande crise de biodiversidade que vêm sido observada nas últimas décadas. Sabe-se que o aumento de temperatura global está associado com respostas de estresse tanto a nível hormonal quanto comportamental, observadas em diversas espécies na natureza, e que animais ectotermos se encontram especialmente vulneráveis. Recentemente, o estudo da personalidade animal (diferenças interindividuais consistentes de comportamento) e sua importância para entender como animais lidam com estressores e as implicações disso para a conservação vem ganhando bastante atenção. Neste trabalho foi investigada a existência de personalidade e como esta interage com a fisiologia do estresse em rãs-touro (Lithobates catesbeianus) quando elas são submetidas a temperaturas elevadas por períodos prolongados. Para cada animal, foram medidas a exploração e boldness múltiplas vezes antes e depois dos animais serem submetidos às temperaturas elevadas e também medimos as concentrações de corticosterona (CORT) e testosterona (T) ao longo do experimento. A temperatura elevada se mostrou um potente estressor para a rã-touro. Animais submetidos ao estressor tiveram maiores concentrações de CORT e menores concentrações de T durante toda a duração do experimento (∼7 semanas). Além disso, indivíduos foram consistentes tanto para medidas de boldness quanto para exploração, havendo existência de personalidade. Porém, não foi encontrada uma síndrome comportamental entre esses dois eixos comportamentais. A personalidade se mostrou responsiva ao aumento de temperatura, diminuindo a consistência a longo termo para as variáveis exploratórias e aumentando a consistência de boldness. Finalmente, animais com maiores concentrações de CORT e menores concentrações de T exploraram seu ambiente mais rápido e se expuseram menos a riscos (mais tímidos), e animais mais tímidos também tiveram uma maior perda de condição corpórea ao longo do experimento. Esses resultados podem indicar que animais mais tímidos estariam mais vulneráveis às mudanças climáticas nessa espécie, com possíveis impactos negativos do aumento de temperatura à reprodução e sobrevivência desses indivíduos. Esta foi a primeira vez que correlações entre personalidade e diferenças proximais subjacentes foram demonstradas em uma espécie de anfíbio. Dado que anfíbios atualmente são o grupo de vertebrados mais ameaçados pelas mudanças climáticas, estudos investigando interações da personalidade com mudanças ambientais se mostram promissores para auxiliar em programas de conservação e manejo de espécies ameaçadas. (AU)

Processo FAPESP: 18/12773-8 - Análise do comportamento de rã touro (Lithobates catesbeianus): personalidade, síndromes comportamentais e efeito da exposição crônica ao estresse térmico sobre o comportamento
Beneficiário:Diego Pereira Nogueira da Silva
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado