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Fontes modernas de sedimentos terrígenos e mudanças passadas na precipitação sobre a América do Sul tropical registradas em sedimentos terrígenos depositados no Atlântico equatorial ocidental

Texto completo
Autor(es):
Júlia Grigolato Iani
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Instituto de Geociências (IG/BT)
Data de defesa:
Membros da banca:
Cristiano Mazur Chiessi; Thiago Pereira dos Santos; Marília Harumi Shimizu
Orientador: Cristiano Mazur Chiessi
Resumo

O efeito da desaceleração da Célula de Revolvimento Meridional do Atlântico (CRMA) sobre a precipitação na Bacia Amazônica é uma questão crucial para o futuro da floresta Amazônica. No final do Quaternário, a CRMA foi significativamente reduzida durante os Heinrich Stadials (HS). Esses períodos de diminuição da CRMA em escala milenar oferecem uma oportunidade valiosa para examinar e avaliar o impacto da intensidade da CRMA na precipitação Amazônica. Apesar do esforço investido durante a última década na compreensão dos efeitos dos HS sobre a Bacia Amazônica, a resposta deste sistema fluvial transcontinental às mudanças na intensidade da CRMA durante o HS mais recente (i.e., HS0 ou Younger Dryas, 12,9 11,7 cal ka BP) permanece incerta. Esta dissertação de mestrado teve como principal objetivo caracterizar como as mudanças na intensidade da CRMA afetaram a precipitação Amazônica durante os últimos 28.000 anos. Para atingir tal objetivo, em uma primeira etapa, elementos maiores em sedimentos suspensos dos rios Negro, Solimões e Amazonas foram analisados por espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado (ICP-OES, na sigla em Inglês) em amostras que cobrem um ciclo hidrológico anual completo, de modo a avaliar a dinâmica fluvial atual da Bacia Amazônica. Esses dados forneceram uma base sólida para a segunda etapa da dissertação, a saber a reconstituição paleoclimática da Bacia Amazônica, realizada com ênfase no Heinrich Stadial 1 (HS1) (18,6 14,7 cal ka BP) e no Younger Dryas. A reconstituição paleoclimática baseou-se em dois testemunhos sedimentares marinhos coletados no Atlântico equatorial ocidental, datados por radiocarbono, analisados por fluorescência de raios-X por energia dispersiva (ED-XRF, na sigla em Inglês) e interpretados com auxílio de análise de componentes principais. A interpretação dos dados produzidos para o Younger Dryas foi também auxiliada por uma compilação de registros hidroclimáticos da Bacia Amazônica e arredores, bem como com uma saída da rodada transiente TraCE-21ka do modelo numérico climático CCSM3. Os resultados obtidos mostram que o HS1 teve duas fases distintas: o HS1a entre 18,6 e 16,7 cal ka BP e o HS1b entre 16,7 e 14,7 cal ka BP. O HS1a é caracterizado por altos valores de ln(Ti/Ca) e de ln(Ti/Al) e baixos valores de ln(Al/K) e ln(Fe/K), enquanto que o HS1b é caracterizado por valores relativamente mais baixos de ln(Ti/Ca) e ln(Ti/Al) e relativamente mais altos de ln(Al/K) e ln(Fe/K). As diferenças entre HS1a e HS1b estão relacionadas a uma mudança no locus principal de precipitação: os Andes centrais durante o HS1a e as terras baixas do sudeste da Bacia Amazônica durante o HS1b. A mudança no locus principal de precipitação sobre a Bacia Amazônica foi provavelmente determinado por uma diminuição acentuada na intensidade da CRMA durante o HS1b, quando a mesma atingiu sua menor intensidade durante a última deglaciação. Os resultados para o Younger Dryas sugerem respostas distintas da precipitação sobre a Bacia Amazônica. Enquanto seu início é marcado pelo aumento de ln(Ti/Ca) e ln(Al/K) além da diminuição de ln(Fe/K) e ln(Ti/Al), o restante do evento apresenta valores menores de ln(Ti/Ca) e ln(Ti/Al) e valores maiores de ln(Al/K) e ln(Fe/K). Sugere-se que a diminuição da insolação de verão austral que caracteriza o período entre o HS1 e o Younger Dryas enfraqueceu o Sistema de Monções da América do Sul e a Zona de Convergência Intertropical tornou-se, gradativamente, a principal fonte de umidade para a Bacia Amazônica. Estas feições atmosféricas influenciam a precipitação amazônica de maneira distinta. As diferentes respostas da precipitação Amazônica durante o HS1 e o Younger Dryas estão, portanto, relacionadas à desaceleração da CRMA e à variação da insolação de verão austral. A variada resposta da precipitação em cada evento e sub-evento reforça a importância dos estudos paleoclimáticos na Bacia Amazônica e a necessidade de compartimentalizar a mesma em função da sua alta complexidade e dimensão continental. (AU)

Processo FAPESP: 21/00853-0 - Fontes modernas de sedimentos e mudanças na precipitação da América do Sul tropical registradas em sedimentos terrígenos depositados na porção oeste do Atlântico tropical
Beneficiário:Júlia Grigolato Iani
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado