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Ecologia alimentar de grupos de sauás (Callicebus nigrifrons) em uma floresta estacional semidecidual

Texto completo
Autor(es):
João Victor de Amorim Verçosa
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Biologia
Data de defesa:
Membros da banca:
Eleonore Zulnara Freire Setz; Denise de Alemar Gaspar; Raul Costa Pereira
Orientador: Eleonore Zulnara Freire Setz
Resumo

Os recursos alimentares variam de acordo com padrões e processos ecológicos que acontecem no tempo e no espaço, tendo em vista que a disponibilidade dos recursos está associada a fatores como a sazonalidade. De acordo com a Teoria do Forrageio Ótimo (TFO), os animais tendem a forragear a obter a maximização do ganho energético e minimização de gastos de forrageio. O comportamento, dieta e a forma de forrageio dos sauás estão interligados e, por isso, o nosso objetivo foi compreender a ecologia alimentar em três grupos (G1, G2 e G3) vizinhos de um primata da América Latina, os sauás (Callicebus nigrifrons), em uma área de floresta semidecidual, a Serra do Japi (Jundiaí-SP). Realizamos o estudo entre abril de 2022 e março de 2023. Abordamos a ecologia alimentar sob três perspectivas: padrão de atividades, dieta e uso de manchas de alimentação. Os sauás passam a maior parte do tempo descansando (37,4%), principalmente na estação chuvosa, enquanto na estação seca passam maior parte do tempo se alimentando e locomovendo. Assim, os sauás adotam estratégia de maximização de energia, consumindo itens de alta qualidade, os frutos carnosos, apesar do alto custo de locomoção. Os frutos são o principal item alimentar dos sauás (58,6%), sendo pelo menos 80 espécies de 38 famílias que compõem a dieta, no total. Miconia cinnamomifolia (10,5%), Nectandra megapotamica (7,7%), Cryptocarya aschersoniana (5,8%) e Prunus myrtifolia (5,8%) são os principais itens alimentares, sendo os três primeiros com a frutificação principalmente nos meses da estação seca. Isso pode ter explicado não termos encontrado variação sazonal para os frutos entre as estações, embora a dieta dos sauás seja diferenciada, entre o período seco e chuvoso, devido ao consumo de partes vegetativas e flores. Encontramos também que os sauás passam mais tempo nas manchas de alimentação quanto maior a distância para chegar nelas e quanto maior a qualidade das manchas (maior circunferência do tronco, com maior fenologia de frutificação e maior tamanho de fruto). Portanto, a combinação do padrão de atividades, dieta e uso de manchas nos permite concluir que os sauás sejam maximizadores de energia, pois, embora na estação seca exista menor disponibilidade de recursos, é possível que os sauás invistam mais tempo de locomoção para obtenção dos frutos, que são recursos de alta qualidade, em mancha de alimentação que também são de alta qualidade. Dessa forma, se alimentam em proporções similares de frutos durante as estações e, durante a estação chuvosa, com a maior disponibilidade de recursos, podem investir maior tempo de descanso. Além disso, encontramos diferenças entre a dieta dos grupos e comportamentos exibidos entre eles, principalmente em relação ao G1, o que pode ser explicado pela área em que ocupam, diferenças de disponibilidade de recursos ou inerentes a cada grupo. Assim, nosso trabalho mostra a importância da integração de diferentes conhecimentos da história natural de uma espécie, partindo de pressupostos da TFO, para compreensão da ecologia alimentar. Ademais, vemos a importância de trabalhos que sejam realizados com mais de um grupo, para entender as diferenças que possam existir entre eles (AU)

Processo FAPESP: 21/11416-0 - Ecologia Alimentar de Grupos de Sauás (Callicebus nigrifrons) em uma Floresta Estacional Semidecidual (Jundiaí, SP, Brasil)
Beneficiário:João Victor de Amorim Verçosa
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado