Busca avançada
Ano de início
Entree


Origem e cronologia dos substratos arenosos de ecossistemas de vegetação aberta na Amazônia

Texto completo
Autor(es):
Fernanda Costa Gonçalves Rodrigues
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Instituto de Geociências (IG/BT)
Data de defesa:
Membros da banca:
Andre Oliveira Sawakuchi; Nathan Brown; Carlos Jaramillo; Camila Cherem Ribas; Sonia Hatsue Tatumi
Orientador: Andre Oliveira Sawakuchi
Resumo

O bioma amazônico abriga tanto ecossistemas de vegetação fechada quanto aberta, em que os padrões biogeográficos atuais se relacionam intimamente a mudanças da paisagem física da área. Ecossistemas de vegetação aberta, especialmente os ecossistemas de areia branca (EAB) e as savanas, são considerados como ambientes chave para a diversificação biótica na Amazônia. Entender a origem, resiliência e dinâmica dos substratos que suportam os diferentes ecossistemas é indispensável para melhor compreensão da biogeografia amazônica. Nesta tese, investigamos a distribuição dos ecossistemas de vegetação aberta da Amazônia e as características de sua paisagem física, representadas pelo relevo e tipo e idade do substrato geológico. Para tanto, foram selecionados substratos arenosos na Amazônia central e leste, que foram caracterizados através da aplicação de (i) datação por luminescência opticamente estimulada (LOE ou OSL na sigla em inglês) e LOE termalmente transferida (TT-OSL na sigla em inglês), (ii) análises de sensibilidade LOE e de termoluminescência (TL) como traçadores da história sedimentar dos depósitos, (iii) análises texturais e composicionais (i.e. granulometria, fluorescência de raios-X (FRX) e susceptibilidade magnética), combinados com uma revisão extensiva da literatura sobre a origem dos diferentes substratos de diferentes ecossistemas de vegetação aberta espalhados pela Amazônia. Os ecossistemas de vegetação aberta na Amazônia podem ser divididos entre os que ocorrem nas áreas altas e aqueles nas áreas baixas. Nas áreas altas, os processos mais longos de exumação e intemperismo de rochas pré-Cenozoicas criam áreas de terra firme mais estáveis ao longo do tempo. Já nas áreas baixas da Amazônia, a mudança rápida na paisagem devido à dinâmica dos sistemas fluviais e eólicos cria condições para que os ecossistemas de vegetação aberta possam expandir ou retrair mais rapidamente. A maior ocorrência de savanas e EAB sobre as planícies aluviais arenosas nas bacias dos rios Negro e Branco é associada à alta permeabilidade dos substratos e à subida e descida repetida do nível dágua, que favorece a formação de espodossolos nessa área. Tais substratos arenosos apresentam idades de luminescência variando de 2 Ma até 0.9 ka. Estas idades são discutidas em termos dos processos geomórficos potenciais que formaram os substratos (fotoesvaziamento devido à processos de mistura de solo ou transporte de grãos em superfície ou idade aparente do substrato rochoso fonte). As idades TT-OSL (variando de 2 Ma até 23 ka) foram interpretadas primariamente como idades deposicionais de terraços fluviais após incisão. As idades OSL (variando de 68 a 0.9 ka) podem ser interpretadas tanto como idades deposicionais quanto fotoesvaziamento por processos de mistura do solo. A distribuição larga dos valores de doses equivalentes OSL e a consistência nas estatísticas de 8 tamanho de grão, sensibilidade OSL e TL e conteúdo de Zr/Ti e Zr sugere homogeneização por mistura do solo. Entretanto, a possibilidade de tais idades indicarem o momento de deposição não pode ser descartada. A associação das técnicas de datação OSL e TT-OSL permite a datação de depósitos sedimentares abrangendo todo o período do Quaternário, o que implica em uma nova janela de tempo para a história da Amazônia. A disponibilidade de substratos arenosos que suportam ecossistemas de vegetação aberta muda em múltiplas escalas espaço-temporais, e depende de condições locais, como nível dágua, elevação e tamanho de grão, o que pode gerar uma dissociação entre os padrões de clima regional e a distribuição espacial dos ecossistemas de vegetação aberta. Assim, o desenvolvimento dos substratos arenosos dependeria de controles geológicos locais, favorecendo a fragmentação espacial e variada resiliência temporal dos ecossistemas de vegetação aberta. (AU)

Processo FAPESP: 18/12472-8 - Origem e cronologia de substratos arenosos na Amazônia: implicações para evolução quaternária dos ecossistemas de vegetação aberta
Beneficiário:Fernanda Costa Gonçalves Rodrigues
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado