Educação estética e desenvolvimento humano: (trans)formações da potência de agir mediadas pela arte

Autor(es)

Carolina Nascimento Dias

• Tipo de documento: Tese de Doutorado
• Imprenta: Campinas, SP.
• Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Faculdade de Educação
• Data de defesa: 2024-03-18

Membros da banca

Ana Lúcia Horta Nogueira; Ana Luiza Bustamante Smolka; Eliane Regina Pereira; Elizabeth dos Santos Braga

• Orientador: Frédéric Saussez; Ana Lúcia Horta Nogueira

Resumo

Esta pesquisa tem o objetivo de compreender e analisar as visões de mundo das professoras sobre a função das vivências estéticas no desenvolvimento humano e como tais vivências se relacionam com as transformações dos sujeitos e das práticas educativas, criando outras formas de relação que aumentem a potência de agir. A partir de um curso teórico-prático online gratuito para professoras de redes públicas de ensino brasileiras, oferecido no ano de 2021, realizamos dez encontros permeados por estudos, vivências, diálogos e reflexões sobre as possibilidades da educação estética na escola, mediante o trabalho com o sensível. Fundamentada pela psicologia histórico-cultural de Vigotski e seus trabalhos relativos a arte e interlocutores da perspectiva materialista histórico- dialética, entendemos a Educação Estética, atrelada aos processos de significação, como imperativo ético capaz de mobilizar as sensibilidades e abrir caminhos para as pessoas se conectarem com suas histórias e potencialidades para se articularem em coletivos, (re)significando emoções, imaginando e criando formas de vida que venham a contribuir com o desenvolvimento dos sujeitos. Todos os materiais produzidos nos encontros, como as gravações, as produções realizadas pelas professoras e as respostas dos formulários google foram analisadas de forma a explicitar a constituição dos processos de significação nas interações, tendo em vista as relações entre pensamento e linguagem e a dinâmica entre o funcionamento inter e intrapsicológico. O processo analítico também considerou a análise dialógica do discurso, que se baseia nas contribuições do Círculo de Bakhtin, focando na produção de sentidos engendrada nas relações discursivas que os sujeitos históricos estabelecem. Por meio da sistematização do material construído, criamos quatro categorias de análise: I) Tomada de consciência das professoras; II) Desenvolvimento da potência de agir e transformação das significações das experiências das professoras, considerando novas possibilidades de ação; III) Relação ética-estética-política e a formação do sentido estético no/do cotidiano; IV) Criação na vida adulta: o processo de produção das professoras. Ademais, na parte final das análises, articulamos as quatro categorias por meio do eixo Transformação de visão de mundo: uma unidade de análise? Foi possível perceber que as vivências estéticas, os estudos coletivos, as interações discursivas e as produções das professoras possibilitaram a transformação das emoções. A imaginação e criação foram compreendidas e experienciadas como fundamentais na ampliação das possibilidades de intervirem na realidade para poderem transformá-la e o afeto de resistência foi mobilizado pelas professoras para defenderem a educação que acreditavam. Elas incorporaram a premissa de que a educação estética não estaria desconectada de uma análise ético- política das condições de existência. Desta maneira, indignar-se e resistir seria um modo de apostar na transformação e, em última instância, na liberdade dos sujeitos. Acreditamos, portanto, que esta pesquisa fornece elementos para refletirmos sobre o caráter político das dinâmicas afetivas e em que medida a escola pode repensar suas práticas na criação de novos possíveis para que as pessoas que compõem o campo educativo possam sentir, pensar e agir de modo mais livre (AU)

• Processo FAPESP: 19/16143-1 - Educação estética e desenvolvimento humano: expressões e (trans) formações mediadas pela arte
• Beneficiário: Carolina Nascimento Dias
• Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado