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\Um pé dentro, o outro fora\: tempos, espaços e ritmos do confinamento extraprisional

Texto completo
Autor(es):
Ana Clara Klink
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer; Manuela Ivone Paredes Pereira da Cunha; Juliana Vinuto Lima; Vera da Silva Telles
Orientador: Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer
Resumo

O presente trabalho tem como objetivo responder à seguinte questão: como vidas, tempos e espaços são produzidos em função de vínculos com o sistema de justiça criminal externos aos muros prisionais? Parte-se, para isso, do acompanhamento etnográfico do cotidiano de indivíduos que, submetidos a diferentes formas de controle situadas entre a rua e a prisão – como liberdade provisória, livramento condicional e regime aberto –, gravitam ao redor da Associação de Familiares e Amigos/as de Presos/as (Amparar), coletivo paulistano dedicado ao acolhimento de pessoas afetadas pelo sistema de justiça criminal. Uma abordagem da punição a partir de suas margens (Das; Poole, 2004) permitiu concluir que, nos interstícios entre a rua e o cárcere, tempo e espaço são modulados em função de três elementos, articulados entre si: (i) o que se imagina (ou não) sobre o vínculo jurídico estabelecido com o Estado, tendo em vista ele operar por tramas de opacidade em suas margens; (ii) o que se escolhe e pode fazer, considerando recursos disponíveis e relações de poder; (iii) os efeitos de poder que os arranjos institucionais colocam sobre circuitos cotidianos, tanto no presente quanto no futuro. Ao considerar como o Estado é constituído e disputado por linhas de força que governam mundos locais, sugere-se que a \"conexão estabelecida com o Estado\" é fruto de negociações e agenciamentos entre o poder judiciário, o crime e a polícia, à sua forma responsáveis por incidir sobre as formas da punição verter sobre a vida cotidiana. E, ao discutir a atuação da Amparar, argumenta-se que \"o que se escolhe e pode fazer\" diante do Estado punitivo ganha outras alternativas com o devido apoio, capaz de traçar rotas de escape e linhas de fuga para vidas que, navegando por presentes precários e futuros incertos, parecem sempre em vias de voltar à prisão. Sugere-se, enfim, que os interstícios constituem um espaço-tempo tão particular quanto as prisões, tornando-se responsáveis por orientar desde a miudeza da vida cotidiana, em seus fluxos e relações com o mundo urbano, até projeções de vida e planos futuros. Com isso, são feitas, desfeitas e constantemente atravessadas fronteiras entre rua e prisão, iluminando a própria natureza do confinamento (e da liberdade) extraprisional (AU)

Processo FAPESP: 21/05586-0 - Liberdades que não são livres: vigilância, controle e gerenciamento de trajetórias de vida atravessadas pela liberdade provisória na cidade de São Paulo
Beneficiário:Ana Clara Klink de Melo
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado