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Ensaios em energia renovável e desenvolvimento

Texto completo
Autor(es):
Thiago Antonio Pastorelli Rodrigues
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Paula Carvalho Pereda; Nathaly Macarena Rivera Casanoba; Ariaster Baumgratz Chimeli; Clarissa Costalonga e Gandour
Orientador: Paula Carvalho Pereda
Resumo

Os três artigos desta tese investigam impactos locais associados à transição energética para fontes renováveis, particularmente a energia solar e eólica para a produção de eletricidade no Brasil. Nos últimos anos, os governos federal e estaduais introduziram incentivos para promover a adoção de energias renováveis, com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e estimular a economia. No entanto, a compreensão da relação custo-benefício dessas políticas e seus efeitos na economia local ainda é limitada. Assim, esta tese examina como os incentivos fiscais aumentam a adoção de energias solar de pequeno porte e como a introdução de usinas de grande porte impacta os mercados de trabalho locais e desloca a geração de energia por combustíveis fósseis. Os governos têm implementado incentivos financeiros para estimular o desenvolvimento do mercado de energia solar fotovoltaica (PV) de pequeno porte. Na ausência de viabilidade econômica de baterias, os proprietários de sistemas solares produzem eletricidade durante o dia e compram eletricidade da rede de distribuição à noite. Para incentivar a adoção desta tecnologia, entre 2015 e 2018, os estados brasileiros introduziram uma isenção fiscal sobre o consumo de eletricidade da rede para proprietários de sistemas solares. No artigo apresentado no Capítulo 1, investigamos o impacto dessa política na adoção de sistemas solares residenciais, considerando a implementação escalonada entre os estados para identificar efeitos causais. Nossos resultados sugerem que a política impactou positivamente e foi responsável por 30% das novas instalações no país. Esse efeito se traduz em um custo médio de abatimento de US$34 por tonelada de CO2, tornando-a uma política custo-efeitiva para contribuir com a redução de emissões. Após investigar os efeitos de demanda de políticas de incentivo, surge a pergunta de como a expansão de renováveis no Brasil afeta a oferta local de empregos. O potencial de emprego dos investimentos em energia renovável pode variar dependendo da fase do projeto, como as fases de construção, instalação, operação e manutenção. O ensaio do Capítulo 2 examina o impacto dos investimentos em usinas solar e eólica de grande porte no emprego local antes e depois do início das operações das usinas. Utilizamos dados administrativos sobre investimentos em energia renovável e empregos no Brasil para construir um conjunto de dados em painel único no nível municipal, abrangendo o período de 2000 a 2021. Ao explorar os investimentos nos municípios, nossos resultados revelam que os projetos em energia solar aumentam os empregos locais em 7% um ano antes da abertura das usinas. Em contraste, a energia eólica aumenta em 9% o número de empregos formais a partir de três anos antes do início das operações. Além disso, os projetos eólicos apresentam um impacto mais amplo, atraindo novas empresas e impulsionando os empregos antes e depois do início da geração de eletricidade. Por outro lado, os projetos solares atraem grandes empresas durante a fase pré-abertura e têm um impacto econômico mais localizado. Outro efeito relevante no mercado de trabalho relaciona-se ao impacto da substituição de fontes de energia renováveis sobre outras fontes de energia. As fontes renováveis podem reduzir a dependência global de combustíveis fósseis para a produção de eletricidade, mas também podem levar a mudanças no mercado de trabalho em regiões dependentes dessa indústria. O artigo do Capítulo 3 estima esses efeitos durante um período de crescimento da geração de energia eólica e solar no Brasil, de 2015 a 2019. Constatamos que as energias renováveis intermitentes deslocam parcialmente a geração de carvão e gás natural ao examinarmos a variação horária exógena na geração de energia solar e eólica. Usando dados agregados anuais e mensais do mercado de trabalho a nível municipal, nossos resultados indicam que o aumento da geração de renováveis reduz o emprego e os salários, particularmente em municípios com usinas a gás natural. O aumento das demissões involuntárias e o término de contratos temporários podem explicar esse efeito. Nossos resultados fornecem evidência para o debate público sobre como apoiar uma transição energética justa e equitativa. (AU)

Processo FAPESP: 22/05810-0 - Incentivo fiscal e adoção de energia solar
Beneficiário:Thiago Antonio Pastorelli Rodrigues
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado