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Alterações cardiovasculares causadas pela peçonha de Bothrops alternatus: estudos in vivo e in vitro

Texto completo
Autor(es):
Lourdes Dias
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Faculdade de Ciências Médicas
Data de defesa:
Membros da banca:
Stephen Hyslop; Ida Sigueko Sano Martins; Ruy Ribeiro Campos; Wilson Nadruz Junior; Miguel Arcanjo Areas
Orientador: Stephen Hyslop
Resumo

As peçonhas do gênero bothrops causam hipotensão, no entanto as alterações cardíacas e hemodinâmicas, associadas com este fenômeno não têm sido bem investigadas. Neste estudo, analisamos as alterações cardiovasculares causadas pela peçonha de Bothrops alternatus (urutu) em cães e, avaliamos a cardiotoxicidade desta peçonha em átrio direito isolado de rato. Em cães anestesiados com isoflurano, a peçonha (0,3 mg/kg, i.iv.) causou hipotensão imediata atingindo o ápice aos 5 minutos, seguida por uma lenta recuperação para níveis não significativamente diferentes do basal após 2h. Não foi observada recuperação no grupo tratado com a dose de 1,0 mg/kg. A hipotensão foi acompanhada por uma queda abrupta do débito cardíaco, dos trabalhos tanto do ventrículo direito quanto do esquerdo, bem como do volume e índice sistólico, os quais permaneceram reduzidos até o final do experimento. Não ocorreu alteração significativa na freqüência cardíaca, no ECG, nos valores pressóricos pulmonares, nos níveis dos gases sanguíneos (pO2, pCO2, HCO3, SBCe e SBEc), e nem nos parâmetros metabólicos (pH, lactato, glicose e creatinoquinase), porém, foi observado um aumento significativo nos níveis de lactato desidrogenase logo no início do envenenamento. Nenhuma alteração histológica no tecido cardíaco foi observada, no entanto, observou-se microaneurismas e alguma descamação epitelial nos túbulos renais. Houve uma diminuição rápida da peçonha circulante, após a administração i.v., que ainda foi detectada aos 240 minutos. A peçonha de B. alternatus (0,5; 1,0 e 2,0 mg/ml) não alterou a frequência atrial, mas reduziu significativamente a força contrátil (redução máxima de ~76%) e aumentou acentuadamente a liberação de creatinoquinase (CK) e creatinoqunase - MB (CK-MB). A análise histopatológica mostrou extensa mionecrose dos cardiomiócitos. A peçonha dialisada (1,0 mg/ml, membrana de 2000 Da) contra NaCl 0,9 % (24h a 4 °C) não alterou a redução progressiva na força contrátil, enquanto que o aquecimento (100 °C, 20 min) aboliu esta redução; A liberação de CK e CK-MB não foi alterada pela diálise e pelo aquecimento. A atropina, o atenolol e propranol, a cimetidina ou a indometacina não alteraram a força contrátil atrial, no entanto o L-NAME - inibidor da NOS, atenuou a redução na contratilidade, sugerindo um possível envolvimento do NO na resposta induzida pela peçonha. Estes resultados mostram que em cães, a peçonha de B. alternatus produziu acentuadas alterações cardiovasculares, envolvendo uma ação cardíaca direta, com poucas alterações metabólicas. A peçonha é também tóxica para átrio isolado de rato, provavelmente em função dos efeitos proteolíticos e/ou de PLA2. (AU)

Processo FAPESP: 05/50627-3 - Alterações cardiovasculares causadas pela peçonha de Bothrops alternatus: estudos in vivo e in vitro
Beneficiário:Lourdes Dias
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado