Busca avançada
Ano de início
Entree


Epilepsia mioclônica juvenil: avaliação das funções atencionais e executivas, traços de personalidade e adequação social

Texto completo
Autor(es):
Sylvie Carolina Paes Moschetta
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Medicina (FM/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Kette Dualibi Ramos Valente; Marilisa Mantovanni Guerreiro; Evelyn Kuczynski
Orientador: Kette Dualibi Ramos Valente
Resumo

A Epilepsia Mioclônica Juvenil (EMJ) é uma epilepsia generalizada idiopática geralmente associada à ausência de alterações estruturais. Estudos neuropsicológicos, com um número restrito de paradigmas, sugerem que indivíduos com EMJ apresentam pior desempenho nos testes que avaliam funções executivas. De maneira complementar, a descrição da personalidade nos pacientes com EMJ corrobora os estudos neuropsicológicos, uma vez que relata maior exacerbação da impulsividade nestes pacientes, o que refletiria uma possível disfunção de lobo frontal. Estes estudos baseiam-se ou em observações clínicas ou nos critérios de classificação categorial do DSM-IV. Não há até o momento, estudos sobre traços de personalidade assim como a correlação com a presença de disfunção executiva e traços de personalidade impulsivos nos pacientes com EMJ. Além disso, o impacto da EMJ sobre o funcionamento social não foi estudado. Os objetivos deste estudo foram: 1. verificar se as funções atencionais e executivas encontram-se prejudicadas; 2. verificar se existem diferentes níveis de comprometimento das funções executivas e atencionais; 3. verificar se há alteração dos traços de personalidade, através de instrumento objetivo; 4. verificar se existem prejuízos da adequação social; 5. verificar a correlação entre o desempenho nas funções executivas e atencionais e a expressão de traços de personalidade relacionados a um pior controle de impulsos; 6. verificar a correlação entre as pontuações obtidas nos testes neuropsicológicos avaliadores das funções executivas e atencionais e os escores em adequação social e; 7. verificar se as variáveis clínicas da epilepsia se correlacionam com as pontuações obtidas nos testes neuropsicológicos, a expressão de traços de personalidade relacionados a um pior controle de impulsos e com os escores em adequação social em pacientes com EMJ. Para tanto, foram avaliados 42 pacientes com EMJ através de: a) bateria compreensiva de testes neuropsicológicos avaliadores de funções executivas e atencionais; b) questionário padronizado de avaliação de traços de personalidade (ITC) e; c) escala padronizada de avaliação da adequação social (EAS). Os desempenhos e escores nos testes, questionário e escala dos pacientes com EMJ foram comparados a um grupo de 42 sujeitos controle, sem diagnóstico psiquiátrico ou neurológico, pareados por idade, escolaridade e nível sócio-econômico. Os pacientes com EMJ tiveram piores desempenhos que os controles em testes de atenção imediata, controle mental, atenção seletiva e sustentada, flexibilidade mental, controle inibitório, fluência verbal, formação de conceitos, manutenção de metas, fluência verbal e memória verbal a curto prazo. Quanto à gravidade da disfunção executiva, observou-se que 83,33% apresentaram disfunção executiva moderada ou grave. Os pacientes com EMJ também apresentaram maior expressão dos traços de personalidade impulsivos e pior adequação social em comparação com o grupo controle. Disfunção executiva/ atencional se correlacionaram com o pior controle dos impulsos, porém não com o pior funcionamento social. Houve correlação entre a frequencia de crises e a presença de transtornos psiquiátricos com o pior desempenho executivo/atencional, com a maior expressão de traços impulsivos e com a pior adequação social. A maior duração da epilepsia e a idade de início precoce tiveram relação com a disfunção executiva e personalidade, respectivamente. Na análise categorial entre os grupos de fácil e difícil controle, pacientes refratários apresentaram pior disfunção executiva e uma presença ainda mais expressiva dos traços de personalidade impulsivos. Nosso estudo demonstra a presença de disfunção atencional e executiva nos pacientes com EMJ, além da presença de traços de personalidade impulsivos. O presente estudo identificou a presença de pior funcionamento social destes pacientes. Além disso, verificamos a existência de dois grupos distintos de pacientes, sendo que pacientes mais refratários apresentam-se globalmente comprometidos. Estes achados sugerem que há uma necessidade de melhor caracterização fenotípica dos pacientes com EMJ a fim de incluir endofenótipos visto que nossos resultados demonstram uma possível existência de grupos distintos de pacientes com EMJ. (AU)

Processo FAPESP: 07/52110-3 - Epilepsia mioclônica juvenil: avaliação das funções atencionais e executivas, traços de personalidade e adequação social
Beneficiário:Sylvie Carolina Paes Moschetta
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado