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Converter civilizar comunicar. Considerações sobre religião, direito e linguagem no Peru colonial

Texto completo
Autor(es):
Victor Santos Vigneron de La Jousselandiere
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Adone Agnolin; Ana Raquel Marques da Cunha Martins Portugal; Carlos Alberto de Moura Ribeiro Zeron
Orientador: Adone Agnolin
Resumo

O objetivo desta pesquisa é traçar um panorama das transformações ocorridas no Peru na segunda metade do século XVI. Em primeiro lugar, o trabalho busca analisar as reorientações sofridas pelo clero local a partir da década de 1560, quando se observou uma virada ortodoxa no domínio missionário. Uma posição mais dura em relação às idolatrias indígenas passou a ser complementada pela insistência no conhecimento da doutrina e na explicitação da fé por meio dos sacramentos. Essas modificações seriam cristalizadas por ocasião do III Concílio Provincial de Lima (1582-1583), bem como nas obras do jesuíta José de Acosta. A preocupação conciliar com o governo das almas, contudo, não pode ser compreendido a contento sem uma análise do contexto administrativo e jurídico peruano. Nesse campo, aliás, processavam-se transformações análogas a partir de 1569, quando da chegada à região do vice-rei Francisco de Toledo. Por um lado, esse governante foi o artífice de um processo de centralização política em torno das instituições imperiais. Por outro lado, sua legislação permite compreender alguns aspectos do funcionamento de um dispositivo jurídico fundado numa concepção qualitativa de sociedade e no caráter ritualístico do direito. Ao lado dessa legislação, obras de autores centrais do período como Pedro Sarmiento de Gamboa, Polo de Ondegardo, Juan de Matienzo e Pedro de Quiroga permitem compreender a organicidade existente entre as discussões missionárias em torno da conversão dos indígenas e o processo civilizador que pretendia se instituir no plano político. Ao mesmo tempo, esse momento da exposição revela o quanto se interligavam essas questões ao estado da economia peruana, particularmente no que toca às variações da produção mineira. Por fim, para complementar esse panorama, realiza-se uma pequena incursão no campo linguístico, com o fim de analisar as transformações contemporâneas ocorridas nos quadros de um processo de gramatização do quíchua e do aimará. Por meio da mobilização de alguns vocabulários então produzidos, a análise desse fenômeno permite relevar o quão conectado estava esse processo com relação ao campo missionário e à administração civil. Traçado esse panorama, o trabalho passa à reflexão acerca de algumas categorias de análise religião, índio, direito, mestiço etc. amplamente utilizadas pela historiografia contemporânea. Esse exercício tem por objetivo avaliar algumas implicações do uso de determinados conceitos sem a devida referência ao seu caráter histórico. Restituir a formação conceitual ao seu contexto específico permite, por fim, enfatizar a historicidade dos próprios processos de generalização de determinados códigos culturais que, a princípio, pertenceram à civilização cristã europeia. (AU)

Processo FAPESP: 09/03003-5 - Sacramentos e costumes: o III Concílio Provincial de Lima
Beneficiário:Victor Santos Vigneron de La Jousselandière
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado