Efeitos da cor do corpo do intruso de território na resolução do confronto no acará Geophagus brasiliensis

Resumo

Em algumas espécies de peixes agressivos, como o acará (Geophagus brasiliensis), têm sido observadas diferenças na cor do olho e do corpo em função do status social. Alguns peixes mudam sua cor (escurecem) do corpo e/ou olho para indicarem sua posição de submissão, evitando que sofram mais agressões do animal dominante que está levando vantagens em determinado momento de um confronto. Essa mudança de cor sinalizando submissão desencorajaria futuros ataques. A intensidade dos encontros agressivos também depende da motivação do indivíduo para lutar, estando relacionada ao valor do recurso envolvido na disputa. A posse de um território pode ser considerada como um recurso de alto valor, o que motivaria seus proprietários a defendê-lo intensamente. Geralmente, os proprietários se tornam os animais dominantes nas disputas contra intrusos e apresentam a cor do olho e do corpo claras. Porém em situações nas quais o peixe intruso se torna o dominante, era de se esperar que a cor do corpo e olho permanecesse clara, o que não ocorreu no acará em observações pilotos. No presente estudo aventamos a hipótese de que, mesmo se tornando o dominante, o peixe intruso entra no confronto numa situação de invasor do território e não conhecedor da área em disputa, fazendo com que ele apresente certo grau de precaução, transmitida ao residente na forma de olhos mais escurecidos. Além disso, sugerimos concomitantemente que essa situação pode ser considerada um caso de sinalização 'desonesta' por parte do peixe intruso, que se utiliza desse meio para vencer o confronto. Essas hipóteses serão testadas no presente projeto.