Investigação de agentes virais na biota de aves silvestres no estado de São Paulo

Resumo

O estado de São Paulo abriga uma grande diversidade de aves selvagens, muitas delas que adquiriram hábitos sinantrópicos e passaram a conviver diretamente com o homem e com animais domésticos. Além disso, o território do Estado faz parte de rotas migratórias de dezenas de aves litorâneas, que utilizam nichos costeiros para descanso, alimentação e acasalamento. A grande diversidade de espécies nativas, sinantrópicas ou não, além das aves migratórias, potencialmente abriga uma ampla variedade de agentes bacterianos, fúngicos e virais, cuja identidade, ecologia a biologia são praticamente desconhecidos. Além de representarem um manancial de biodiversidade, com potencial exploração científica e comercial, esses agentes podem representar um risco a avicultura comercial. Assim, o presente projeto visa identificar e caracterizar geneticamente agentes virais circulantes em aves silvestres ou sinantrópicas nativas e em aves oceânicas migratórias no Estado de São Paulo. Durante dois anos, suabes traqueais e cloacais (além de soro) serão coletados de várias espécies de aves nativas silvestres e/ou sinantrópicas em centros de triagem do Estado; amostras de espécies de aves oceânicas serão coletadas em centros de triagem litorâneos. As amostras obtidas serão examinadas para a presença do metapneumovírus aviário (aMPV), coronavírus (VBI) e paramixovírus aviário (vírus da Doença de Newcastle, NDV), utilizando-se as técnicas de RT-PCR, e, posteriormente submetidas a isolamento viral. Além de constituírem um banco de amostras, os agentes identificados serão submetidos a sequenciamento de genes específicos, seguido de análise filogenética. Com esse projeto, pretende-se identificar e caracterizar geneticamente os componentes virais da biota de microrganismos presentes nessas populações de aves. Além de constituírem um banco de amostras representativos da biodiversidade do Estado, os agentes prospectados serão extremamente úteis para estudos de epidemiologia e ecologia molecular, pesquisa e desenvolvimento de produtos tecnológicos e, se necessário, utilizados na formulação/alteração de estratégias de controle sanitário de criações avícolas comerciais. (AU)