A relação entre pensamento e linguagem a partir de Jerry Fodor

Resumo

O objetivo desta pesquisa é apresentar e discutir a controversa hipótese da linguagem do pensamento, formulada por Jerry Fodor no livro The Language of Thought. De acordo com ela, o pensamento possui uma estrutura linguística, mas não pode ser identificado com nenhuma língua natural particular. Ao contrário, essa estrutura, ou a linguagem do pensamento, é inata, o que garante a possibilidade do aprendizado de uma primeira língua. A hipótese ganhou adeptos como Zenon Pylyshyn, que a endossa em termos semelhantes aos de Fodor, procurando respaldá-la com base nas ciências cognitivas, e Steven Pinker, que a aceita em termos gerais, mas difere de Fodor ao afirmar que o pensamento pode ocorrer também na forma de imagens mentais. Mas, apesar de ter sido bem aceita por filósofos e cientistas cognitivos, há uma série de críticas fortes que podem ser dirigidas contra a hipótese da linguagem do pensamento. Uma delas deriva do relativismo linguístico. De acordo com a hipótese de Sapir-Whorf, a língua falada determina, ou ao menos influencia, os pensamentos de seus falantes e o modo como eles percebem o mundo. Essa ideia questiona, portanto, a anterioridade e a independência do pensamento com relação à linguagem, pressupostas pelos adeptos da linguagem do pensamento. Pretendo recuperar tanto as divergências surgidas no interior do grupo de proponentes de uma linguagem do pensamento, como também as tensões existentes entre a hipótese da linguagem do pensamento e uma parte da tradição filosófica. Na medida do possível, também pretendo mostrar as defesas que Fodor poderia apresentar contra os seus principais críticos. (AU)