A presença de romances em bibliotecas femininas da Família Real portuguesa

Resumo

Este projeto pretende estudar a presença de romances em bibliotecas femininas da família real portuguesa. Para tanto, tomaremos como base os catálogos das livrarias que foram da rainha D. Carlota Joaquina (1775-1830) e da princesa D. Maria Francisca Benedita (1746-1829). Esses documentos foram redigidos na Biblioteca da Ajuda em 1831. Desde então, permanecem intocados na secção de manuscritos dessa biblioteca. Embora esquecidos, eles registram acervos incomuns. O primeiro contém 2.330 obras e o segundo 2.156, volume bastante diferente das bibliotecas coetâneas, cuja média girava em torno de 25 unidades. A presença de um núcleo expressivo de romances é outro fato que distingue as bibliotecas dessas mulheres da maioria das livrarias femininas da época. Além disso, D. Carlota Joaquina e D. Maria Francisca Benedita estão diretamente ligadas ao episódio da transferência da família real para o Brasil, onde ficaram radicadas de 1808 a 1821, o que pode conferir a essas bibliotecas uma dimensão transatlântica. Considerando essas especificidades, buscaremos entender a formação dessas bibliotecas, analisar seus acervos e verificar a ocorrência de romances. Nossa intenção é analisar os acervos, especialmente a parte relativa aos romances, à luz das diretrizes em voga sobre a criação de bibliotecas e observar o grau de sintonia entre as obras ficcionais ali presentes e as de leitura corrente entre o público amplo. Essa pesquisa pretende contribuir com o projeto temático "Circulação Transatlântica dos Impressos, a globalização da cultura no século XIX" (2011/07342-9). (AU)