Visão crítica dos estudantes de medicina sobre doadores de múltiplos órgãos após sofrerem parada cardíaca no Brasil

Resumo

O transplante de fígado é a única alternativa terapêutica para o paciente portador de doença hepática terminal. Na maior parte dos centros de transplante em todo o mundo, a demanda por órgãos é muito maior do que a oferta, o que mantém altas taxas de mortalidade nas listas de espera. A doação de órgãos no Brasil está bem aquém do necessário para a demanda dos receptores em lista. Segundo dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos), cerca de 42% das famílias recusam a doação dos órgãos na entrevista dos potenciais doadores. Enquanto isso, de janeiro a setembro de 2017, houve 472 mortes de pacientes em lista de espera por um transplante de fígado. O doador de órgãos com morte encefálica tem sido a principal fonte de enxertos cadavéricos de fígado em todo o mundo e a única no Brasil. No entanto, a parada respiratória e cardiocirculatória irreversível é causa de óbito mais frequente do que morte encefálica, e órgãos provenientes de doadores após parada cardíaca (DCD) têm sido amplamente utilizados ao redor do globo. No entanto, a utilização de doadores sem morte encefálica no nosso meio é tema controverso e necessita de discussão. Os estudantes de graduação de curso de medicina são parcela muito interessante da sociedade para iniciar essa discussão. Buscamos, por meio deste projeto de pesquisa, avaliar o conhecimento, a compreensão e a aceitação dos estudantes de medicina da Universidade de São Paulo a respeito da doação de múltiplos órgãos por pacientes que sofreram parada cardíaca. Além disso, pretende-se entender se há alteração na compreensão e aceitação do tema com o decorrer dos seis anos do curso médico. (AU)