História evolutiva dos sistemas de fixação dentária em Archosauromorpha: entendendo a origem e a ontogenia da tecodontia de Arcossauros

Resumo

O artigo recentemente publicado por Mestriner et al. (2022) desafiou a ideia de que Silesauridae apresentava uma simples dentição "anquilotecodonte", porque seus dentes passam um tempo considerável ligados aos maxilares através de um ligamento periodontal não mineralizado (gonfose) antes de serem fundidos ao osso. Essa condição é conhecida como "anquilose tardia", com os dentes passando por um estágio prolongado em que são suspensos em alvéolos através do ligamento periodontal, seguido de mineralização posterior e fusão ao osso. O desenvolvimento da inserção dentária em silesaurídeos pode ser um modelo promissor para entender a condição ancestral de dinossauros e, possivelmente, crocodilos. Portanto, um estudo mais amplo dos tecidos dentários é necessário para esclarecer a evolução da inserção/fixação dentária em Archosauromorpha, testando se a heterocronia é de fato o fator responsável pelo surgimento de um estágio de gonfose permanente em crocodilos e dinossauros. De qualquer forma, a transição da "anquilotecodontia" para a tecodontia parece ser uma simplificação de uma história evolutiva muito mais complexa. Nos últimos anos, muitas informações sobre fixação dentária em arcossauros extintos, arcossauromorfos não arcossauros e Dinosauromorpha não dinossauros entraram na literatura sem o suporte necessário de estudos histológicos. Para este projeto de doutorado, pretendo estudar a história evolutiva do "sistema de fixação dentária de arcossauromorfos" (ATAS) usando histologia tradicional e microtomografia computadorizada de mandíbulas/maxilas contendo dentes, dentro do período geológico de 300 milhões de anos, reconstruindo o tipo de fixação dentária ancestral sobre os principais clados de arcossauromorfos. A proposta será a primeira pesquisa baseada em histologia a amostrar tamanha variedade de répteis, visando esclarecer as mudanças fundamentais da anquilose ancestral para a gonfose de Crocodylomorpha e Dinosauria (condição derivada). Além disso, o estudo lançará luz sobre a funcionalidade das fases ontogenéticas dentárias em Archosauromorpha. (AU)