A vivência do tempo em universitários deprimidos em situações de crise a partir do método fenômeno-estrutural

Resumo

O tempo foi amplamente investigado por diversas áreas do conhecimento científico. Eugène Minkowski retomou o conceito bergsoniano de tempo vivido, que considera a introspecção e a experiência de vida dos indivíduos. A partir da observação da desagregação da noção do tempo na melancolia esquizofrênica, passou a compreender os estados depressivos na perspectiva fenomenológica do tempo. Tendo em vista que a depressão está relacionada a uma alteração na vivência do tempo intensificada pela pandemia de COVID-19, o objetivo deste estudo é investigar essa vivência em universitários deprimidos na situação de crise atual no âmbito clínico e teórico por meio de estudo de casos utilizando o método fenômeno-estrutural. A compreensão do tema a partir desse método mostra-se importante por difundir um conhecimento pouco explorado no meio científico da Psicologia Clínica e que contribui para a abordagem do ser humano em sua totalidade estrutural, sem reduzi-lo a sintomas e a diagnósticos. Esse olhar torna-se ainda mais relevante no contexto da depressão, que, segundo a Organização Mundial da Saúde, acomete mais de 300 milhões de pessoas no mundo e teve sua prevalência aumentada em 25% no primeiro ano de pandemia, principalmente em jovens e mulheres.