Estudo da associação entre ambiente rural-urbano, resposta imunológica e severidade da asma.

Resumo

Introdução: Estudos indicam que exposições típicas do ambiente urbano induzem atopia, o que explica parcialmente a maior prevalência de asma nas cidades. A patogenia da asma, entretanto, não se limita ao fenótipo atópico. É relevante, portanto, estabelecer se a exposição ao ambiente urbano modifica a produção de interleucinas e células participantes da patogenia de outros fenótipos da asma. Objetivo: Em indivíduos com asma, avaliar se existe associação entre exposição ao ambiente rural-urbano e concentração de interleucinas em sangue periférico; fenótipo celular da asma; resposta ao tratamento; e presença de obstrução de vias aéreas. Métodos: Estudo transversal em que serão avaliados 1.710 indivíduos asmáticos, com idade superior a doze anos, residentes no município de Jundiaí. Os voluntários realizarão avaliação com médico pneumologista, responderão aos questionários do estudo, farão espirometria, teste alérgico cutâneo por puntura e coleta de amostra de sangue periférico. Os indivíduos serão agrupados de acordo com as características ambientais do local de residência em três grupos: ¨zona urbana com alta densidade de ocupação¨, ¨zona urbana com baixa-média densidade de ocupação¨ e ¨zona rural¨. Os grupos serão comparados quando à concentração plasmática de interleucinas, frequência de atopia, fenótipo eosinofílico, resposta ao tratamento da asma e presença de obstrução de vias aéreas. Resultados preliminares: Até o momento, 1.202 voluntários foram incluídos no estudo. Os dados clínicos, ambientais e da espirometria de 830 indivíduos estão digitados no banco de dados, e estão sendo apresentados como resultados preliminares. Os resultados dos hemogramas e dos testes alérgicos dos 1.202 indivíduos incluídos no estudo ainda estão sendo inseridos no banco de dados, por isto, não foram apresentados nas análises preliminares. As análises demonstram que os indivíduos residentes em áreas urbanas com elevada taxa de ocupação têm maior risco de obstrução de vias aéreas pós-broncodilatador e de exacerbação da asma em comparação com aqueles residentes na zona rural. Também observamos correlação entre maior extensão da área verde próximo ao local de residência e melhor valor do VEF1 e CVF; e associação entre exacerbação da asma e proximidade de fontes de poluição antropogênica. Conclusões preliminares: Indivíduos residentes no ambiente urbano têm maior frequência de obstrução de vias aéreas e de exacerbações da asma, principalmente os indivíduos que residem em regiões urbanas densamente ocupadas ou próximas de fontes de poluição antropogênica. Nossos resultados também indicam que aumentar a extensão de áreas verdes pode minimizar o efeito deletério da exposição urbana nos indivíduos com asma. Na opinião dos autores, as conclusões apresentadas são interessantes e importantes, mas serão ainda mais esclarecedoras se conseguirmos financiamento para dosar as interleucinas plasmáticas para relaciona-las com as características ambientais; assim, poderemos entender mais sobre a participação da resposta imunológica na relação entre urbanização e manifestações clínicas da asma. Este conhecimento permitirá melhorar o planejamento urbano e estabelecer medidas preventivas eficazes. (AU)