Avaliação da saúde do solo em drylands desertificadas no Brasil

Resumo

A degradação das drylands cria dificuldades para milhões de pessoas em todo o mundo. As drylands brasileiras são caracterizadas por extensas mudanças no uso da terra para a agricultura de subsistência, resultando em degradação do solo e desertificação. A desertificação leva à degradação da saúde do solo (SS), mas várias práticas regenerativas (por exemplo, exclusão de pastoreio, plantas de cobertura, reflorestamento) podem interromper e até reverter esse processo, restaurando a SS nas drylands brasileiras. No entanto, há falta de estudos científicos quantificando os impactos da desertificação na SS e o potencial de técnicas regenerativas para restaurar a SS nos Núcleos de Desertificação do Brasil. Esse tipo de informação é crucial para desenvolver estratégias baseadas na ciência e políticas públicas para combater a desertificação e reduzir a vulnerabilidade da região às mudanças climáticas e à insegurança alimentar. Este projeto visa quantificar a SS dos quatro Núcleos de Desertificação do Brasil (localizados em Iraçuba-CE, Cabrobó-PE, Gilbués-PI e Cariris Velhos-PB) avaliando áreas de vegetação nativa, áreas em estágio avançado de desertificação (ou seja, degradadas) e áreas de restauração. Em cada Núcleo de Desertificação, o delineamento experimental consiste em três parcelas (50 m x 50 m) em três cenários diferentes (vegetação nativa, estágio avançado de degradação e práticas de restauração). Um protocolo padronizado de coleta de solo foi realizado em todas as áreas estudadas, totalizando 108 amostras de solo para a profundidade de 0-10 cm (ou seja, 4 núcleos x 3 usos do solo x 3 parcelas (repetição) x 3 amostras compostas por parcela). A análise do solo incluirá: i) Indicadores químicos: pH, CE, N-Total, H+Al, P, K+, Ca2+, Mg2+, Al3+, e soma de bases, V%, CTC e m%; ii) Indicadores físicos: areia, silte, argila, umidade, densidade do solo, estabilidade de agregados e infiltração de água no solo; iii) serão conduzidas análises biológicas para quantificar o C orgânico total, C e N da biomassa microbiana, e determinar a atividade das enzimas urease, ²-glicosidase, fosfatase ácida e arilsulfatase. A metatranscriptômica será empregada para analisar o RNA extraído das amostras de solo e construir vias metabólicas relacionadas ao ciclo do C. A SS será avaliada integrando indicadores químicos, físicos e biológicos usando a Soil Management Assessment Framework (SMAF). O Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) será usado para avaliar as condições de vegetação nas áreas de estudo. Análises estatísticas serão conduzidas para analisar os dados, incluindo testes de variância, normalidade e o uso de ANOVA e teste de Tukey para determinação de significância. Espera-se avaliar e comparar a eficácia de estratégias para combater a desertificação e restaurar áreas degradadas nas drylands brasileiras, considerando indicadores de SS e o impacto nos estoques de C, fornecendo insights para promover políticas públicas de combate à desertificação.