Rejeição crônica do transplante: expressão de citocinas e fatores de crescimento no enxerto renal

Resumo

A rejeição crônica é a causa mais frequente de perda de função do enxerto no período tardio pós-transplante renal. É diagnosticada pela presença de uma deterioração progressiva da função do enxerto associada a alterações morfológicas vasculares e túbulos-intersticiais. Neste contexto, a rejeição crônica vascular tem muitos aspectos em comum com a aterosclerose, principalmente pela presença de espessamento vascular progressivo e difuso das artérias do enxerto, levando à isquemia e falência do órgão transplantado, além do desenvolvimento de fibrose intersticial e atrofia tubular. Os mecanismos responsáveis pela rejeição crônica ainda são pouco compreendidos. A vasculatura renal é um alvo importante no processo de rejeição crônica. Assim, é possível que uma lesão endotelial mediada imunologicamente associada à hipercolesterolêmica, hipertensão arterial e outros fatores de risco, possa causar doença vascular progressiva no enxerto. Citosinas e fatores de crescimento são substâncias que agem como mediadores de vários processos biológicos que incluem resposta imune, cicatrização e remodelação do tecido. Tem sido bem documentado o importante papel destes fatores em rejeição aguda pós-transplante. No entanto, existem ainda poucas informações sobre a participação destes fatores em rejeição crônica, apesar de existirem fortes evidências sobre o papel de citosinas e fatores de crescimento modulando o processo inflamatório crônico. Assim, o objetivo principal do presente estudo é o de caracterizar o perfil da expressão de citocinas e fatores de crescimento em tecido renal de pacientes com rejeição crônica em diferentes fases de evolução (fase inicial, fase instalada e fase avançada) e correlacionar o perfil de expressão destes fatores com as alterações morfológicas observadas nos casos de rejeição crônica. A melhor compreensão dos mediadores inflamatórios envolvidos no processo de rejeição crônica em transplante de órgãos representará um passo importante na elucidação da patogênese deste processo, abrindo novas perspectivas terapêuticas futuras. (AU)