Max Weber e a "teoria crítica".

Resumo

O problema que gostaria de investigar com este projeto de doutorado consiste na apropriação da "teoria social" de Max Weber pela "Escola de Frankfurt". Embora essa incorporação seja apontada como um dos aspectos fundamentais para compreender as transformações internas no pensamento dos "frankfurtianos", a relação que os autores da "teoria crítica" estabeleceram com os conceitos e com a temática weberiana é usualmente interpretada por leituras que ressaltam apenas suas continuidades e suas semelhanças. Entretanto, acredito que essa incorporação é mais complexa. Marcada por nuances e sutilezas conceituais, ao lado das evidentes proximidades, suponho ser possível apresentar algumas rupturas e descontinuidades entre a "teoria crítica" e a "teoria social" weberiana. Uma confrontação mais detida com os textos dos "frankfurtianos" parece desautorizar qualquer aproximação imediata. Pode-se depreender daí, portanto, que, de um lado, embora alguns aspectos da "teoria social" de Weber sejam incorporados pelos "frankfurtianos", isso não se dá como uma mera transposição conceitual, mas de maneira crítica. Assim, a própria compreensão acerca da modernidade capitalista mostra indícios de diferir entre Weber e os "frankfurtianos". De outro, é possível perceber ainda divergências existentes entre a crítica aos conceitos weberianos realizados por Horkheimer, das formuladas por Adorno, das feitas por Marcuse e por Habermas. A partir disso, pode-se reconstruir um rico debate teórico e conceitual de maneira mais atenta às nuances que marcam as relações que esses autores estabelecem com Weber. Mais do que simples sutileza conceitual, pode-se analisar essas discrepâncias como divergências que se erigem a partir de formas distintas de compreender e de criticar as "sociedades modernas".