A intervenção contestada e a reinvenção da instabilidade: os fantasmas do Vietnã e a Foreign Policy Magazine

Resumo

Nos últimos 50 anos, mais de uma vez o debate sobre intervenção em Estados decadentes, ou conforme termo mais recente, fracassados, ganhou destaque nos círculos políticos e intelectuais. O objeto de análise desta pesquisa emerge a partir do contraste entre dois momentos desta discussão. De um lado, temos na revista Foreign Policy, por volta de 1970, uma alta valorização da questão da instabilidade nos países pobres combinada a recusa de que uma intervenção dos Estados Unidos seja o principal meio de enfrentar esses problemas. De outro, nos primeiros anos pós Guerra Fria, novamente a instabilidade se torna uma das principais questões em pauta enquanto a prática intervencionista será cada vez mais propagada. O objetivo desta pesquisa é mapear - a partir da revista Foreign Policy - as continuidades e descontinuidades das discussões sobre intervenção e sobre decadência ou fracasso do Estado no intervalo entre esses dois períodos. Parte-se da hipótese que as continuidades e descontinuidades nas reflexões sobre esses temas só podem ser compreendidas por meio da apreensão do contexto e dos debates políticos e acadêmicos nos quais essas transformações têm lugar. A ênfase metodológica é o estudo das ideias enquanto categorias que interpretam a experiência social e, com isso, guiam a ação política. Com base em outras pesquisas sobre o debate de ideias nos Estados Unidos no pós Guerra do Vietnã, pretende-se compreender a especificidade das interpretações e propostas de intervenção desenvolvidas na Foreign Policy.