Ciência para Inclusão Social. Uma pesquisa sobre as possibilidades de formação para uma apropriação autodeterminada da ciência e da tecnologia, nas Universidades.

Resumo

Com a criação em 2003, da Secretaria Nacional de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (SECIS), pretendeu-se imprimir uma mudança nas Políticas de Ciência e Tecnologia (PCT) brasileiras com o objetivo de promover o desenvolvimento social. O desenho desta pesquisa realizou-se a partir da análise da proposição de promover ciência para inclusão social no Brasil pela (SECIS), no Grupo de Trabajo-CLACSO, Ciencia social politizada y móvil en y para una agenda latinoamericana de investigaciones orientada a prioridades desde la universidad (GT Clacso 6), e da atuação como coordenadora da Cátedra Paulo Freire: Formação de Sujeitos Sociais.O objetivo geral desta pesquisa é aprofundar o estudo sobre a ciência para inclusão social, identificando e analisando as possibilidades existentes na Universidade, para formação científica, cujo objetivo é a inclusão social. Os objetivos específicos são os seguintes:1-identificar como as populações carentes beneficiárias, foram consideradas nos projetos que tenham como escopo a ciência para a Inclusão Social,1.1 identificar a relação entre a Universidade e a Ciência para Inclusão Social.2- identificar os projetos e pesquisas em que tenha ocorrido a formação para ciência para Inclusão Social.2.1- para esses projetos e pesquisas, identificar as metodologias que propiciam essa formação.A base conceitual do estudo é dado pela Escola de Pensamento Latinoamericano em Ciencia Tecnologia e Desenvolvimento (ELAPCYTED) e pela categoria alternativa, o que pressupõe considerar as políticas e práticas científicas como históricas e relacionadas ao compromisso de Desenvolvimento Integral da região, de forma autônoma e autocentrada. A hipótese geral é a de que a proposição de realizar ciência para Inclusão Social, como política pública, pode induzir a mudanças nas práticas e linhas de pesquisas, ao estimular uma relação mais próxima da Universidade com as populações historicamente excluídas no país, de forma a tensionar e se contrapor às tendências de mercado que impõem a organização de tempos, espaços e práticas científicas produtivistas.Para realização desta pesquisa entende-se Ciência para Inclusão Social como processos de produção de conhecimentos que envolvem tanto os acadêmicos como as populações carentes beneficiárias, os quais se realizam de modo a formar sujeitos, que se apropriam das tecnologias, garantindo a capacidade desses sujeitos decidirem sobre elas, e de gerarem novas tecnologias.A pesquisa é delimitada aos projetos e pesquisas nos quais se identifique a Ciência para Inclusão Social e que tenham sido desenvolvidos em Universidades, considerando-se três níveis de análise: o Nacional, compreendendo os projetos realizados em Universidades localizadas fora do estado de São Paulo; o estado de São Paulo e o regional, para o qual consideraremos a Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), onde se localiza a Universidade Sede.A divisão em níveis Nacional, Estadual e Regional deve-se à diversidade cultural, econômica e de estrutura produtiva do país, que pode resultar em diferentes metodologias de formação científica para inclusão social. Além da análise das propostas e resultados dos projetos de pesquisas e extensão financiados, os procedimentos incluirão a realização de entrevistas semi-estruturadas, e de grupos de discussão sobre os temas da Ciência para Inclusão Social e da Função Social da Universidade desde que os colaboradores concordem em contribuir com sua participação e depoimentos.A contribuição dessa pesquisa é teórica e prática, pois pretende-se identificar metodologias para formação científica, com vistas à inclusão social e refletir sobre as possibilidades das Universidades realizarem esta proposição. Além disso, contribuirá diretamente para a formação dos alunos da pós-graduação (mestrado) e graduação (iniciação científica), que se articularão à pesquisa. (AU)