Implicações do consumo materno de dieta rica em lipídeos sobre a modulação da permeabilidade intestinal na prole em desenvolvimento: a participação do receptor nicotínico de acetilcolina do tipo alfa-7

Resumo

Tanto no organismo humano quanto animal, os tecidos podem ser individualmente programados em períodos críticos do desenvolvimento, como a vida intrauterina, de forma a modular a sua resposta frente a ambientes diversos após o nascimento. Tal modulação, a longo prazo, pode levar ao desenvolvimento de doenças, como a obesidade e a síndrome metabólica. Nos EUA e no Brasil, a obesidade e a síndrome metabólica são epidemias em curso, promovendo grandes desafios de saúde pública e significativos encargos econômicos. As adaptações na microbiota e na integridade intestinal têm recebido destaque nos últimos anos em estudos sobre a obesidade humana, mas pouco se sabe sobre as relações de causa e efeito dessas adaptações. Uma importante questão nesse campo da ciência é se a presença da inflamação associada ao ganho de peso ou o aumento nos níveis de mediadores lipídicos per se, anterior ao ganho de peso, seriam os responsáveis pelo estabelecimento dos mecanismos fisiopatológicos dessa doença. Os estudos dos mecanismos envolvidos nas alterações da permeabilidade intestinal em indivíduos expostos ao aumento de lipídeos circulantes ainda são escassos, especificamente em janelas muito curtas do desenvolvimento, como as fases embrionárias ou infantis. Por essa razão, o presente projeto pretende avaliar se o consumo materno de dieta rica em gordura durante fases críticas do desenvolvimento, como gestação e lactação, leva a alterações na permeabilidade e integridade da barreira do epitélio intestinal da prole, contribuindo para o desenvolvimento de obesidade dos descendentes. Além disso também é nosso objetivo investigar se alterações no reflexo anti-inflamatório, através da modulação do receptor nicotínico de acetilcolina do tipo alfa-7, poderia ser um mecanismo envolvido nesse processo. Nossa expectativa é que os resultados dessa investigação contribuam para avanços no conhecimento e, consequentemente, no controle do ciclo geracional da obesidade, através de intervenções terapêuticas mais assertivas, que promovam reduções dos gastos com saúde pública. (AU)