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Morfologia do sistema laticífero em órgãos vegetativos de urtigas (Urticaceae)
Processo: | 03/09547-0 |
Modalidade de apoio: | Auxílio à Pesquisa - Parceria para Inovação Tecnológica - PITE |
Data de Início da vigência: | 01 de fevereiro de 2004 |
Data de Término da vigência: | 31 de janeiro de 2005 |
Área do conhecimento: | Ciências Exatas e da Terra - Química - Química Orgânica |
Pesquisador responsável: | Anita Jocelyne Marsaioli |
Beneficiário: | Anita Jocelyne Marsaioli |
Instituição Sede: | Instituto de Química (IQ). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas , SP, Brasil |
Empresa: | Natura Inovação e Tecnologia de Produtos Ltda |
Município: | Campinas |
Assunto(s): | Cosmetologia Perfume Urticaceae Cecropia (planta) |
Palavra(s)-Chave do Pesquisador: | Cecropia | Fragrancias Florais | Urticaceae |
Resumo
As fragrâncias estão intimamente associadas com a história dos homens sendo por eles utilizadas desde 3000 anos antes de Cristo. Apesar de muito comum a sua associação com bons odores, elas também incluem compostos que, na sua forma pura, são desagradáveis, como os sulfurosos, ou que lembram cheiros de alguns animais. Os perfumes também apresentam outras propriedades como ação bactericida e anti-séptica sendo numerosas as possibilidades de sua utilização numa indústria, como a de cosméticos. Na natureza, perfumes ocorrem como forma de comunicação entre os diferentes organismos e servem para atração ou para manter possíveis predadores à distância. Na relação entre plantas e insetos, por exemplo, essa comunicação vem sendo amplamente estudada há muito tempo, encontrando-se bem conhecida pata diversas espécies de diferentes famílias. Numa dessas formas de interação, as flores das plantas produzem aromas que atraem insetos e esses, por sua vez, provocam sua fertilização durante a visita. Trata-se de uma relação de troca onde todos são favorecidos. Entretanto, devido ao imenso número de organismos presentes, principalmente, em regiões tropicais, ainda existe muito trabalho à ser feito nessa área e muitas relações à serem descobertas assim como seus mediadores, em geral, moléculas. Espécies do gênero Cecropia (Urticaceae) são exemplos desses organismos sobre os quais, pouco ainda é conhecido. As espécies desse gênero são muito comuns e possuem flores, esteticamente, pouco atrativas mas intensamente perfumadas. Apesar disso, nenhum estudo foi feito à respeito de sua biologia floral. O gênero Cecropia foi proposto por Loefling em 1758. Apesar da grande uniformidade na maioria das estruturas, o grupo apresenta uma especiação exuberante compreendendo ca. de 80 espécies arbóreas presentes nos neotrópicos (Berg 1978). Para o Brasil foram registradas 18 espécies, 15 na região amazônica e três nas demais regiões (Berg 1978; Berg 1990; Ribeiro & Berg 1999). Popularmente chamadas de embaúbas, embaúvas ou imbaúbas, as espécies do gênero alcançam até 30 metros de altura e ocorrem em regiões alagadas ou de terra firme. Elas atingem a maturidade em tomo de um ano (parolin 2002) e são dióicas, apresentando as flores femininas e masculinas em indivíduos separados. Espécies de áreas alagadas florescem apenas nos dois meses iniciais do período de inundação (parolin 2002) mas, as de terra firme, em geral, apresentam floração durante quase todo o ano e em grandes quantidades (centenas de inflorescência por indivíduo), como muitas das espécies pioneiras (Berg 1978; Ribeiro, obs. pess.). As inflorescências são grupos de espigas (ca. de 40-60 espigas nas masculinas e 2-4 nas femininas) que se desenvolvem nas axilas foliares. com 5-20cm de comprimento, geralmente. envolvidas por uma bráctea e compreendendo milhares de minúsculas flores. De acordo com Parolin (2002), em Cecropia latiloba Miq. o número de flores por inflorescêneia dos indivíduos masculinos chega a 5.000. A taxa de produção de sementes é alta e a germinação ocorre facilmente num período de 5-13 dias com tuas de 96 % de viabilidade (parolin 2002). Por se tratarem de plantas pioneiras formam, frequentemente, grandes agrupamentos compostos por uma única espécie como acontece, por exemplo, com C. latiloba e C. membranacea Trécul, duas espécies amazônicas que ocorrem nas várzeas (parolin 2002). Esses agrupamentos que ocorrem, principalmente, em regiões desmatadas, alcançam centenas de metros de extensão e compreendem grande número de indivíduos. Até o presente, alguns pesquisadores vêm sugerindo que as espécies do gênero são polinizadas pelo vento (Berg 1974; Berg 1978, Berg 1990). Isso, no entanto, sem que nenhum trabalho relacionado à polinização das espécies tivesse sido realizado. Entretanto, as inflorescências de espécies de Cecropia são intensa e variavelmente perfumadas. Algumas espécies apresentam inflorescências com aromas de canela, outras, aromas mais adocicados ou cítricos (Ribeiro, obs. pess.). Muito provavelmente, a produção das fragrâncias nessas espécies está relacionada ao seu modo de polinização podendo, diferentemente do que vem sendo proposto, serem polinizadas por insetos. Considerando: 1. a total ausência de dados relacionados à composição química das substâncias responsáveis pelas fragrâncias e a biologia de polinização de espécies de Cecropia; 2. a aparente contradição entre a suposta condição anemófila e a produção de fragrâncias florais; 3. a diversidade de aromas produzidos pelas diferentes espécies; 4. a grande quantidade de indivíduos ocorrendo em agrupamentos naturais e a possibilidade de obtenção, em curto período de tempo, de indivíduos cultivados, inclusive, em áreas degradadas e, 5. a possibilidade de extração de substâncias aromáticas de forma sustentável, devido a grande quantidade de inflorescências produzidas por cada um deles, propomos o presente projeto para ser desenvolvido no Programa de Inovação tecnológica (PITE) da Fapesp em parceria com a Natura, empresa brasileira de produtos cosméticos. (AU)
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