Auxílio à pesquisa 21/08391-5 - História do livro, História da leitura - BV FAPESP
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A linguagem sentimental das flores e o namoro às escondidas no Rio de Janeiro do Século XIX

Processo: 21/08391-5
Modalidade de apoio:Auxílio à Pesquisa - Publicações científicas - Livros no Brasil
Área do conhecimento:Ciências Humanas - História - História do Brasil
Pesquisador responsável:Alessandra El Far
Beneficiário:Alessandra El Far
Instituição Sede: Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH). Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Campus Guarulhos. Guarulhos , SP, Brasil
Assunto(s):História do livro  História da leitura  História cultural  Etnohistória  Simbologia  Cotidiano  Namoro  Século XIX  Publicações de divulgação científica  Produção científica  Livros 
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:História do livro e da leitura no Brasil | Linguagem simbólica das flores | Mentalidades e vida cotidiana | namoro | Século XIX | História cultural / Etno-história

Resumo

Essa obra procura apresentar e analisar um gênero literário muito conhecido no século XIX, a chamada linguagem das flores, e, ao mesmo tempo, elucidar sua estreita relação com o cotidiano do namoro e do cortejo no Rio de Janeiro daquela época. Esses livros ofereciam aos leitores uma espécie de dicionário cujos verbetes divulgavam um código amoroso baseado na troca de flores. Uma acácia, por exemplo, significava 'sonhei contigo', uma rosa branca cheirosa, 'laços indissolúveis', e, assim, por meio das diferentes espécies frases inteiras eram silenciosamente transmitidas por aqueles que tentavam driblar, em meio ao rígido contexto patriarcal da sociedade brasileira, os olhares vigilantes dos pais e familiares mais próximos, que, naquela época, ainda costumavam decidir sobre o futuro matrimonial de seus filhos. O gênero literário da linguagem das flores, esquecido nos dias de hoje, surgiu na França no início do século XIX, e logo foi traduzido pelos principais livreiros cariocas e adaptado à realidade social e cultural do Rio de Janeiro. Se na França esses volumes conquistaram a atenção, em particular, das leitoras das camadas letradas, por veicular textos bem escritos que discorriam largamente sobre o emblema amoroso das diferentes espécies, no cenário da corte Imperial no Rio de Janeiro, esses livros assumiram, sobretudo, o formato de um dicionário de consulta ligeira capaz de logo informar o significado de cada flor para aqueles que buscavam sucesso em suas práticas de cortejo. Embora a historiografia tradicional tenha salientado que o namoro praticamente inexistia na sociedade patriarcal brasileira do século XIX, essa obra também procura mostrar que ele estava presente no cotidiano da cidade do Rio de Janeiro, entretanto, às escondidas, ou melhor, de modo 'furtivo' para usar um termo perspicaz cunhado por Machado de Assis, em A mão e a luva (1874).Com o intuito de elucidar a presença da linguagem das flores no imaginário social e na vida amorosa carioca do século XIX, dividi esse trabalho em cinco capítulos. No primeiro, procurei mostrar o cenário cultural francês, tão interessado nos estudos de botânica e nos ideais românticos, que deu origem ao nascimento do gênero literário da linguagem das flores. Já no segundo capítulo, explorei, a partir de leituras teóricas de diferentes pensadores das ciências humanas, a ideia de que a linguagem das flores poderia funcionar como um sistema de comunicação simbólica coerente em si mesmo, independente de um contexto social específico. No terceiro capítulo, por sua vez, analisei as edições brasileiras da linguagem das flores publicadas pelas livrarias Garnier e Laemmert, que, por décadas seguidas, foram reeditadas e vendidas ao grande público, sublinhando suas especificidades frente às edições francesas e seu estreito vínculo com o universo galante do Rio de Janeiro. No quarto capítulo, tentei reconstruir, a partir da leitura de jornais, manuais epistolares, memórias, entre outros, o cotidiano do namoro às escondidas no século XIX, que ocorria, muitas vezes, por meio da troca de bilhetes e de uma série de sinais e códigos secretos similares à linguagem das flores. Por fim, no último capítulo, discorri sobre o grande apreço que a cidade do Rio de Janeiro, no século XIX, tinha pelas flores. (AU)

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